[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Direitos Reservados
Fazer parte de um “império espectacular” é (ou deveria ser) um orgulho para qualquer pessoa. Se o líder desse império for Gaika, melhor ainda. Flohio, artista de Bermodsey, é um dos destaques da armada, um talento em bruto que utiliza o microfone como filtro para a sua realidade. Esta manhã, a reputada Fader publicou um artigo sobre MCs que merecem “rebentar” em 2018 e, curiosamente, Funmi Ohiosumah é uma das escolhidas. Um “segredo” muito mal-guardado, obviamente.
Com apenas um EP lançado — Nowhere Near — , a rapper do Sul de Londres rima no beat que quiserem, desde que seja desafiante. God Colony, duo britânico, perceberam rapidamente o potencial de Flohio e convidaram-na para o seu trabalho de estreia, Where We Were.
Estivemos à conversa com a artista que actua amanhã na Galeria Zé dos Bois, uma data que vai partilhar com os promissores 808INK e Gloria ou o visionário Gaika.
Para o público português que ainda não está a par do teu trabalho: quem é a Flohio?
Eu sou de Bermondsey, um sítio no Sul de Londres que as pessoas não costumam conhecer. A minha relação com a música começou quando era jovem: descobri uma cultura nova e quis explorá-la a partir de uma perspectiva pessoal e criativa, não apenas como uma espectadora.
O teu buzz não tem parado de aumentar nos últimos dois anos. Para alguém que está a começar, qual é o teu mindset quando estás a criar música?
Ah… Bem, tu deves sempre divertir-te. Eu não acho que a música deva ser algo que penses demais. Desfruta, sente-te livre e, quando encontras a tua ideia, isso pode levar-te para um sítio diferente, um local divertido onde tenho a certeza que conseguirás passar na mesma a tua mensagem.
És parte do Spectacular Empire do Gaika — ele também realizou um vídeo em que entras. Ele é uma inspiração para ti? Também te vês a explorar outros universos artísticos que vão para lá da música?
O Gaika é uma força da natureza! É radical, e eu adoro isso nele. Ele tem uma visão e é díficil mandar abaixo alguém com uma visão, por isso eu admiro isso nele. Sim, eu vejo-me como uma artista. Existem diferentes avenidas que eu já estou a explorar e outras tantas que gostaria de experimentar no futuro.
Apesar de detectarmos traços de grime na tua música, é difícil, muito por culpa da identidade vincada que já tens, detectar as tuas influências. Quais é que foram as tuas referências musicais durante a infância e adolescência?
Ouvi bastante música de diferentes géneros enquanto crescia, mas principalmente hip hop.
Actuaste em Portugal em Setembro passado e parece que correu muito bem. Como é que foi a experiência para ti? Foi a primeira vez que estiveste cá?
Sim, foi a minha primeira vez, e também foi o dia do meu aniversário. Um dia para recordar. Foi realmente maravilhoso. Mad love para Lisboa.
Se tivesses que escolher — sem pensar muito — num artista para colaborar, quem seria? E porquê?
A2, um artista britânico. Gosto da sua vibe estranha e misteriosa. Ele também está a fazer a sua própria cena num caminho só seu e eu amo isso.
Tens trabalhado regularmente com os God Colony. Como é que a vossa relação começou?
Eu e God Colony começámos a nossa relação em 2015. Conhecemo-nos através de um amigo comum e, como costumam dizer, o resto é história.
Lançaste o teu EP de estreia em 2016. O que é que vem aí? Um álbum?
Não, um EP e, provavelmente, lanço singles até o próximo projecto estar pronto.
O que é que podemos esperar da tua actuação na Galeria Zé dos Bois?
Flohio 2.0, energia e amor.