pub

Publicado a: 25/09/2016

2º dia de Festival Iminente: do grunge rap de Halloween ao novo trap de Holly Hood

Publicado a: 25/09/2016

[TEXTO] Ricardo Farinha e Alexandre Ribeiro [FOTOS] Bernardo Lima Infante

Ao segundo dia, o Festival Iminente curado por Vhils e pela sua Underdogs apostou num cartaz com mais hip-hop, nas suas formas mais variadas e plurais. O trap de Holly Hood intercalou-se com o rap grungy e obscuro de Allen Halloween e com os clássicos de Chullage, além da excentricidade genial de Keso. Também houve destaque para as batidas incontornáveis de DJ Marfox e DJ Firmeza.

Para completar o ambiente, e no plano das instalações artísticas, ±MAISMENOS±, nome de guerra de Miguel Januário, organizou o seu próprio comício político, com cartazes a apelar ao voto, T-shirts e bandeiras espalhadas pelo recinto. A abstenção foi reduzida, noutro dia esgotado de festival. Mais um autêntico manifesto artístico como já tínhamos experienciado na primeira data do Iminente.


IMINENTE DIA2 (1 de 33)


O primeiro artista a actuar na pista – e no festival – foi um veterano do rap nacional: Syer (velho companheiro de Vhils). O público aderiu num Sábado soalheiro e respondeu à chamada do rapper. O pontapé de saída ideal para um cartaz recheado do melhor do rap nacional.


IMINENTE DIA2 (11 de 33)


Do palco para a pista, Francis Dale foi o contraste para a energia hip hop vinda da pista, e não se tome isto como uma crítica. A jogar em casa – o artista revelou que tinha frequentado a escola em Oeiras – Francis Dale dividiu o palco com Fred Ferreira e juntos criaram um final de tarde aconchegante para os presentes. Diogo de Almeida Ribeiro vai “pescar” a novas referências como Chet Faker, Frank Ocean ou James Blake, mas também se vislumbrou Prince quando pegou na guitarra e exibiu o seu tremendo poder vocal. Uma das boas surpresas do Festival Iminente.


IMINENTE DIA2 (14 de 33)


Voltamos ao hip hop. Keso com Deejay Spot na cabine da pista de dança a demonstrarem o porquê de Keso ser uma das pérolas mais bem escondidas do rap nacional. De Revólver Entre as Flores até KSX16, o rapper da Invicta é diferente de todos, até quando pergunta ao público se são fãs de Hunter S. Thompson ou Luiz Pacheco, demonstrando que é um fora-da-caixa.

Falando em foras-da-caixa, Nerve surpreendeu tudo e todos ao aceitar o convite de Keso para subir ao palco para rimar “Gainsbourg”, a faixa produzida pelo Original Marginal em Trabalho & Conhaque ou A Vida Não Presta & Ninguém Merece a Tua Confiança. Dois mestres a prestarem respeito um pelo outro.

Mas o dia era de Keso e canções como “BruceGrove”, “Rooftops” e “Gente Pedra” provam que estamos perante um dos melhores escritores de rimas do rap nacional e com um magnetismo especial em palco. Keso é um clássico e o resto vocês já sabem…


IMINENTE DIA2 (18 de 33)


Não é assim tão comum, nos dias que correm, conseguirmos assistir a um concerto de Chullage. A proximidade entre Vhils e o rapper veterano deverá ter sido decisiva para esta actuação no Iminente. Desde sempre que a mensagem transmitida é uma das prioridades do MC da Arrentela, mas, ao vivo, Chullage apresenta-se com um set up bem composto, com um baixista, um percussionista e dois hypemen: um no sentido mais clássico, e outro para partes mais específicas e cantadas.

Enquanto levava o público a percorrer alguns dos maiores clássicos da sua carreira, Chullage apelou ao amor e à paz e aproveitou para elogiar todos os rappers que tinham actuado até então no festival. “Já Não Dá (Saímos para a Rua)”, “Portugal aos Portugueses”, “Mulher da Minha Vida” e “Rhymeshit Que Abala”, com vários bboys a dominar o tapete no palco, foram alguns dos temas ouvidos no Iminente. “Isto não está Iminente, já está mesmo!”


hollyhood


Holly Hood trata-se, sem dúvida, de um dos nomes do ano no hip-hop nacional. Depois de vários anos a actuar com Regula, o MC da Superbad Records emancipou-se num primeiro trabalho – que faz parte de uma trilogia -, O Dread Que Matou Golias, e tem ganho uma legião devota de seguidores, fãs do trap, de um uso diferente da voz no rap, e das sonoridades contemporâneas que marcam o panorama internacional do momento.

E isso foi bem visível na actuação no Iminente, onde o rapper da Linha da Azambuja deixou tudo o que tinha para dar no pequeno estrado na pista do festival, rodeado do público e acompanhado por Stone Jones. Foi o concerto onde mais se saltou e um daqueles onde mais se vibrou. “Fácil”, “Cobras e Ratazanas”, “Spotlight” ou “Qualquer Boda” já são hinos para uma nova geração do rap português que está mais ligada às tendências do trap.


allen


Do trap contemporâneo de Holly Hood ao rap obscuro, lo-fi e distorcido de Allen Halloween vai uma longa distância, mas, ou os dois artistas têm uma fatia considerável em comum nas suas fanbases, ou o Iminente atraiu gente de todas as linguagens possíveis do hip-hop. Se houve muita dedicação no concerto do MC da Superbad, no palco principal do festival uma multidão juntou-se para ouvir a ovelha negra do rap português e os seus kriminals.

Em registo best-of, Halloween começou por dizer que era “bonito” ver “uma festa de hip-hop num jardim, com crianças e tudo”, antes de partir para os seus versos pesados e duros, de temas de toda a sua carreira – de “Bandido Velho”, do último disco, Híbrido, a “Mary Bu”, a primeira faixa do álbum de estreia, Projecto Mary Witch, lançado em 2006, cumpre este ano uma década. “Marmita Boy”, “Mr. Bullying”, “Drunfos”, “Killa Me” ou “Fly Nigga Fly” também não falharam no alinhamento.


IMINENTE DIA2 (26 de 33)


DJ Marfox entrou na cabine da pista e já todos sabíamos o que podíamos esperar: ritmos africanos com abordagem laboratorial com fórmula perfeita para não deixar ninguém parado. Apesar de ter estado irrepreensível, DJ Marfox foi o único desleixo na programação, tendo sido pouco sensato ter colocado o produtor antes de Orelha Negra em vez de DJ Firmeza, responsável por fechar a noite.


IMINENTE DIA2 (28 de 33)


Fred Ferreira voltou ao palco, mas desta vez acompanhado por Francisco Rebelo. O set foi uma amostra de respeito e conhecimento pelo rap nacional ou atenção especial ao panorama internacional com a passagem de “Dang”, música do novo álbum de Mac Miller com participação de Anderson .Paak. Casa cheia para ver dois incontornáveis da música nacional a mostrarem o que os faz mover.


DJ Firmeza, um dos principais talentos emergentes da Príncipe Discos, ficou encarregue de fechar este segundo dia de Iminente, com uma série de batidas afro fundidas com música electrónica. Seja no Musicbox, no Lux Frágil, em festivais ou no estrangeiro, este é um dos rapazes do colectivo/editora que sabe bem como incendiar qualquer pista de dança.


IMINENTE DIA2 (32 de 33)

pub

Últimos da categoria: Reportagem

RBTV

Últimos artigos