pub

Publicado a: 09/08/2017

Ethereal: Mankind é a viagem que não sabiam que precisavam de fazer

Publicado a: 09/08/2017

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Direitos Reservados

Etéreo e horrível são palavras diametralmente opostas que no entanto convivem em harmonia na pele de Obie Rudolph, mais conhecido por Ethereal. O rapper e produtor de Atlanta lançou Mankind na passada sexta-feira e mostrou que está a apurar cada vez mais a sua técnica, levando o rap (quase) sussurrado para caminhos que parecem estar umbilicalmente ligados ao céu e ao inferno.

A FACT chamou-lhe o “Timbaland da Awful Records”, epíteto ganho depois da produzir na íntegra o último trabalho de Alexandria (a “sua” Aaliyah), cantora da editora de Atlanta que também dá voz a duas faixas de Mankind. O seu lo-fi trap e r&b é experimental q.b., o resultado de um à-vontade a produzir que permite explorar todas as vias. A produção, para ele, é a única maneira de se fazer realmente entender, parafraseando o que contou em entrevista com a Fader.

 



Como fã assumido de wrestling, a capa e os samples em Mankind são a segunda homenagem do artista a Mick Foley – a primeira aconteceu com Cactus Jack, álbum editado em 2014.

Será que Ethereal utiliza, deliberadamente, a máscara para nos levar a cair numa ardilosa armadilha recheada de rimas murmuradas entre instrumentais inspirados pelas bandas sonoras de jogos e o trap mais negro de Atlanta? A prova que isso acontece está na música do novo trabalho, autêntica montanha-russa de moods e sentimentos: por exemplo, “Rico Wade”, faixa que tem o nome de um dos produtores dos Organized Noize, puxa-nos para cima com as ambiências que sabem a uma viagem pelas nuvens sob o efeito de estupefacientes e, logo de seguida, recebemos “Rollin’”, tema com participação de Faye Webster que soa a um futuro distópico em que andar para a frente é sinónimo de ficar parado no mesmo sítio.

Preso a uma cadeira de rodas, Obie é um dos membros mais fascinantes da efervescente cena musical de Atlanta, tendo já lançado 8 álbuns – contando com Mankind. Com ou sem máscara, o(s) mundo(s) do artista surge(m) em cada pedaço de som que deita cá para fora, um exorcismo constante que é cozinhado em lume brando. Com vontade de explodir sem nunca o fazer, o MC e produtor coloca-nos num limbo em que a inquietação é o único sentimento permitido.

 


pub

Últimos da categoria: Ensaios

RBTV

Últimos artigos