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Publicado a: 22/05/2017

Estudante de Harvard faz álbum de rap para trabalho de tese

Publicado a: 22/05/2017

[FOTO] AP Photo/Charles Krupa

Obasi Shaw, natural de Atlanta, acaba de fazer história ao tornar-se no primeiro estudante da prestigiada universidade de Harvard – uma das instituições de ensino de topo na América, parte da chamada “Ivy League”, juntamente com outras universidades como Princeton ou Yale – a entregar um álbum de rap como tese final do seu curso de estudos literários avançados.

Neste departamento, não é invulgar que os estudantes finalistas entreguem trabalhos criativos – como guiões de filmes, conjuntos de poemas ou contos e romances – como teses finais, mas, pela primeira vez, o colégio de professores que gere o curso de Inglês aceitou um álbum de rap como trabalho final.

Em declarações à Harvard Gazette, jornal oficial da instituição, Obasi Shaw defendeu a sua opção: “Algumas pessoas poderão não pensar no rap como uma forma de arte elevada, mas a poesia e o rap têm muitas semelhanças. Poemas em rima eram muito comuns na poesia inglesa primitiva”.

O álbum de dez faixas de Obasi Shaw, Liminal Minds, recebeu a classificação summa cum laude minus, a segunda mais alta no sistema de graduação de Harvard. Shaw foi educado em casa pelos pais, professores universitários, e enquanto crescia ouvia exclusivamente rap cristão. Só há dois anos é que Obasi Shaw descobriu o trabalho de rappers mainstream como Kendrick Lamar ou Chance The Rapper, inspirações centrais do seu trabalho. De acordo com Shaw, tal como referido ao Harvard Gazette, a disponibilidade desses rappers em mergulharem em “questões de raça, religião e identidade negra” foi determinante para o seu trabalho.

 



Josh Bell, orientador de tese de Obasi Shaw, explicou ao mesmo orgão que o trabalho submetido equilibra influências mais contemporâneas com referências clássicas: “O álbum de Obasi é muito interessante porque usa Os Contos de Cantuária de Geoffrey Chaucer como um molde intelectual. Shaw conta histórias em cada canção a partir de diferentes pontos de vista e é crítico da sociedade americana e das suas políticas raciais. Mas, acima de tudo, trata-se um álbum interessante e divertido”.

As canções, explica a Harvard Gazette, abordam questões que vão da escravatura à brutalidade policial, da segregação ao movimento Black Lives Matter, do sistema prisional americano a Barack Obama. As canções foram escritas durante o ano passado, incluem batidas assinadas por amigos ou adquiridas online e foram gravadas nos estúdios Quad Sound.

Em “Open Your Eyes”, tema que encerra Liminal Minds, Obasi deixa um apelo:

“Just watch the thrones, our people are known
For making history of the impossible.
From rap to White House, we unstoppable.
Jumping Jim Crow to playing Oscar roles.”

Com esta tese em forma de álbum de rap, que curiosamente nasceu de uma sugestão da sua mãe, Obasi Shaw volta a usar o hip hop e o rap como lente para olhar para a América e para a sua história, tal como Lin-Manuel Miranda fez com Hamilton, o fenómeno da Broadway que aborda de forma perfeitamente original a história de um dos primeiros presidentes americanos e que inclusivamente inspirou a criação de uma mixtape para que contribuíram nomes como Chance The Rapper, Roots ou John Legend.

“Tive que aprender o que o rap tem significado para as pessoas ao longo das últimas décadas”, explicou Obasi Shaw. “O rap é um género que me permite dizer o que eu preciso de dizer. Tenho abordado várias formas de escrita, mas nunca senti ter descoberto o meu meio de expressão ideal até ter começado a rimar”.

 


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