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Publicado a: 27/11/2017

[Estreia] RESTOS é a nova beat tape de Yvng $tvd

Publicado a: 27/11/2017


[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Kianu Lima

Yvng $tvd disponibilizou uma nova beat tape, que podem ouvir, em exclusivo, no Rimas e Batidas. RESTOS serve de antecipação a Safira 2, o próximo EP do rapper e produtor de Alverca.

Pedro Campos é um caso sério de dedicação. Além do percurso que já trilhou enquanto Da Rootless, reinventou-se há já quase dois anos para assinar um simpático número de edições a solo através de um novo alter-ego. The Cold e Cyberpunk Diaries são os trabalhos instrumentais que já trouxe ao mundo, que complementam os EPs em que Yvng $tvd se lança também ao universo das rimas: Safira e VLTIMO, ambos editados no decorrer de 2017.

É a escassos dias de soltar o segundo volume da pedra preciosa que assina uma compilação de beats construídos no processo que o vai levar até Safira 2. RESTOS são… Os restos desse mesmo processo. Mas ao jeito de uma espécie de estabelecimento gourmet, onde até mesmo aquilo que não se consegue aproveitar pode virar o petisco perfeito para muitas das bocas que buscam alimento. Rappers: se ainda procuram incansavelmente pela batida perfeita nos arquivos dos artistas internacionais, esta pode ser uma boa oportunidade para passar a apostar em iguarias made in Portugal.

O segundo episódio de Safira chega às ruas digitais no próximo dia 1 de Dezembro. Em conversa com o ReB, o autor de RESTOS explica-nos sobre a fonte onde foi beber a inspiração para a sua beat tape e deixa-nos alguns detalhes sobre o seu próximo EP, de onde já saiu o single “Sexta Feira No Quarto Escuro”.

 


https://youtu.be/8eLwLoKBgEI


Agora que te preparas para editar um novo EP, aproveitaste o momento para nos dar estes RESTOS em formato de beat tape. Fala-me destas 11 produções que nos fizeste chegar.

O RESTOS é basicamente um conjunto de demos de beats que comecei a produzir, mas que nunca viram a luz de uma música, inclusive a maioria dos beats foram mantidos com uma qualidade raw, o que é possível perceber para quem ouvir a tape. É um bocado o compilar de experiências e aprendizagens que fui fazendo ao longo deste ano a nível de produção.

Tens aqui instrumentais para todos os gostos: bass, trap, boom bap… Todos eles com uma conotação bastante espacial e atmosférica. Qual é a abordagem que fazes ao dar início a um novo beat?

A minha abordagem é sempre deixar-me levar o mais possível, fazer uma track que, enquanto ouvinte, eu quisesse ouvir, acima de tudo o resto. Não tenho uma fórmula habitual ou um método para fazer as coisas. Muitas vezes estou a partir um sample e a trabalhá-lo para sair um beat mais boom bap e, passadas 2 horas, aquilo já se transformou num trap ou num trip-hop e fica mais bonito assim. Ou o inverso, claro. A nível de sampling é que já tenho se calhar aquelas referências habituais, a nível de artistas/género, que depois também vão dar aquela identidade mais marcada à minha cena.

O que te tem transmitido mais inspiração para produzir ultimamente?

Muitas coisas. As emoções e as sensações do dia a dia. Paisagens, abraços, beijos, fotografias mentais… Estar high, que é uma cena que me deixa extra sensível aos sons e ambientes, e ajuda-me a ficar mais envolvido com o que estou a fazer. E depois, claro, as cenas com que contactas enquanto apreciador de arte – música, filmes. Ando bué por dentro das cenas de rock progressivo e psicadélico – Pink Floyd, King Crimson. Tripo com aquilo. Depois a nível de produtores, ando a revisitar o trabalho do MF Doom. Também ando a sentir a cena do Kaytranada e estou fascinado com as técnicas de sampling do Scrim dos Suicide Boys. O gajo samplou cenas que eu já tinha tentado samplar sem grande sucesso, mas ele dá um twist único nas merdas e é, na minha opinião, um dos gajos mais inovadores dos últimos tempos. Embora o que eu faço nem sequer seja parecido com a cena dele.

Na altura do Safira, descreveste-o enquanto representativo da “preciosidade da vida até no esgoto mais sombrio”. Este segundo volume continua a ir em busca dessa premissa?

O Safira 2 mantém a natureza da primeira parte. E acho que é assim que eu me defino, como gajo que faz umas cenas. Um gajo que em vez de ir ao psiquiatra, faz uns instrumentais e escreve uns ensaios meio alucinados sobre a existência mundana.

O que difere, em termos criativos, do primeiro EP?

Se calhar tem uma roupagem mais arrojada aqui e ali, arrisquei um bocadinho mais numa coisa ou outra, mas a nível de temas mantenho a cena da introspecção e da contemplação das cenas aleatórias da vida. Acho que, essencialmente, a principal diferença é em alguma frescura que tentei trazer.

Como está a ser preparado: és tu quem produzes tudo, vais ter convidados?

Tive um pequeno acidente no processo de gravação, tinha bebido um bocado e tropecei na minha mesa de mistura e consegui deixá-la inutilizável. Entretanto, já tinha os temas todos preparados a essa altura, por isso só tinha que gravar e, felizmente, tenho o home studio do LORD. Foi lá que gravei pouco mais de metade do projecto. Fui eu que produzi todo o EP, e vou ter o suspeito do costume como convidado  – o LORD – até em mais que um som, e a participar de uma forma como acho que ele nunca fez antes. Foi aí que tanto eu como ele arriscámos, mas eu gostei muito do resultado, se ouvirem irão perceber estas surpresas.

 


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