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Publicado a: 26/02/2018

Estivemos no aquecimento para a III Guerra Mundial com os $uicideBoy$ (e sobrevivemos para contar a história)

Publicado a: 26/02/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Everything Is New*

Um concerto a um domingo à noite é uma bela maneira de fechar um fim-de-semana, pelo menos para quem gosta de música. Os $uicideBoy$ estrearam-se ontem em Portugal — e logo a pés juntos. Antes de entrarmos no espaço que recebeu o espectáculo da digressão Pre-World War III, uma vistoria rápida por parte de dois polícias à paisana tornou, logo à partida, o evento diferente do que é habitual. O aparato à porta era grande, mas, aparentemente, injustificado — é possível que o nome (e o som) da banda tenha assustado os mais sensíveis…

Entrámos com um ligeiro atraso e Crystal Meth, o DJ que acompanha a dupla de Nova Orleães, já espalhava magia com a sua selecção de temas para o aquecimento: Lil Pump (“Gucci Gang” ou “D-Rose”), Future (“Mask Off”), Denzel Curry (“Ultimate”) ou “Gasolina” de Daddy Yankee — sim, também ficámos confusos — proporcionaram um pequeno terramoto no Lisboa Ao Vivo. A primeira conclusão? O público que esgotou a sala estava ali para ajudar a criar uma noite memorável.

 



A sinergia de Ruby Da Cherry e $crim é um dos pontos-fortes do espectáculo ao vivo: o screamo recorrente do primeiro liga-se directamente ao mumble do segundo. Se os temas depressivos encontram alguma paz nos gritos de Ruby, Suicide Christ funciona como uma espécie de analgésico humano, relembrando-nos Lil Wayne em vários aspectos, da voz anasalada até  corpo franzino e completamente tatuado.

Com uma entrada de rompante e os graves a batalharem entre si nas paredes do espaço lisboeta, a primeira paragem serviu para homenagear Lil Peep. “Rest In Peace Lil Fucking Peep”, atirou Ruby segundos antes de interpretar “I HUNG MYSELF FOR A PERSONA”, tema em que faz referência a um encontro em Londres com o malogrado artista da Gothboiclique.

Perante uma reunião dos mais diversos grupos sociais — vimos miúdas betas, o estereótipo de metaleiro, Suicide Girls ou rapazes que podiam ser o trapper da vossa zona –, o duo não deixou créditos em mãos alheias: canções incisivas — maioritariamente com cerca de dois minutos — que são trap e metal ao mesmo tempo. Podes saltar ou fazer headbanging: ninguém te vai julgar.

 



“FUCKTHEPOPULATION”, “Paris”, “Kill Yourself (Part III) ou “South Side $uicide” foram algumas das canções mais celebradas pela audiência, que esteve irrepreensível, diga-se. Fosse a gritar o nome da label ou a replicar o que se passava em cima do palco, os membros da plateia — da frontline até ao último moicano — corresponderam à chamada.

Ao contrário do que se possa pensar, o ar e a atitude de rockstar não é reflectida nas acções do duo. Antes de um mosh, Ruby pediu para estarem atentos a quem caísse para ajudá-los prontamente e disse para partilharem as garrafas de água que atiraram para o público; numa das suas raras intervenções, $crim deixou uma mensagem de encorajamento, algo como, “nunca deixem que vos digam o que fazer”.

Depois de uma das sessões mais intensas do trap mais pesado que Lisboa já sentiu, o final chegou com a melancolia emo de Peep. “Witchblades” e “Awful Things” trataram de encerrar uma noite que certamente serviu como um bálsamo para a alma para muitos dos que compareceram. E parte do refrão da segunda é a melhor descrição para a relação dos $uicideBoy$ com os seus fãs: “Bother me, tell me awful things/ You know I love it when you do that”.

 



*Os $uicideBoy$ não autorizaram reportagem fotográfica. 

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