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Publicado a: 27/04/2017

Electrónica pioneira dos canadianos Syrinx inspira novo documentário

Publicado a: 27/04/2017


[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Bart Schoales / RVNG Intl.

O álbum Tumblers From The Vault dos canadianos Syrinx editado na recta final de 2016 pela norte-americana RVNG Intl. inclui-se entre as melhores edições de arquivo do ano passado. De facto, nos ultimos tempos, a febre editorial em torno da memória electrónica tem rendido inúmeras edições absolutamente incontornáveis e este lançamento em triplo LP e duplo CD que reuniu a totalidade da produção do trio criado por John Mills-Cockell (sintetizadores) juntamente com Doug Pringle (saxofone) e Alan Wells (percussões) merece certamente essa distinção.

Mills-Cockell esteve ligado aos Intersystems em finais dos anos 60, importante colectivo experimental multidisciplinar de Toronto que foi igualmente alvo de uma importante reedição pela Alga Marghen em 2015. O background deste compositor estava na academia, tendo estudado na Universidade de Toronto onde aliás criou um laboratório dedicado ao estudo da música electrónica. Foi essa a bagagem que carregou para os Syrinx, criados já em 1970 e reflexo de uma vibrante cena experimental que fazia daquela cidade canadiana um importante polo criativo no lado mais subterrãneo e experimental da América do Norte. O produtor Felix Pappalardi que trabalhou por exemplo com os Cream foi o responsável por conseguir um contrato de edição para os Syrinx com a indie canadiana True North.

Os Syrinx editaram o álbum homónimo em 1970 e Long Lost Relatives no ano seguinte, registos que viviam de uma cumplicidade profundamente orgânica entre o moog de Mills-Cockell, o saxofone processado de Pringle e as bases rítmicas conjuradas por um subtil Wells. “Hollywood Dream Trip”, do primeiro álbum, combina – tal como sublinha o press release oficial da RVNG Intl. – pistas apreendidas nos trabalhos de Erik Satie, John Cage e na era dourada da composição para cinema, certamente um reflexo dos sérios estudos do líder do trio.

 



Com o loft de Doug Pringle a servir de base para apresentações ao vivo e para cruzamentos com elementos exteriores ao trio, os Syrinx não demoraram a criar uma rede de contactos que lhes permitiu trabalharem com orquestras ou aceitarem trabalho para artes performativas e até para televisão, caso de “Tillicum”, uma encomenda para o genérico do popular programa de televisão Here Come the Seventies.

O crescimento da atenção em torno da electrónica pioneira das décadas de 60 e 70 do século passado tem neste “regresso” ao presente dos Syrinx um claro ponto alto: o grupo que nunca se fez ouvir para lá das apertadas margens dos círculos experimentais de Toronto há quase cinco décadas, merece agora uma nova oportunidade de ser escutado e na sua música adivinha-se uma intemporalidade que é o mais claro sinal do estado avançado em que a música foi originalmente criada.

O documentário da autoria de Zoe Kirk-Gushowaty, um artista visual natural de Vancouver, chega em vésperas dos Syrinx fazerem o seu primeiro concerto em mais de 45 anos: o trio está incluído no ambicioso programa do incrível Moogfest que acontece em Durham, na Carolina do Norte, Estados Unidos, entre 18 e 21 de Maio próximos. Os Syrinx actuarão no dia 20 como parte de um cartaz que inclui ainda performances de gente como Suzanne Ciani, Animal Collective, S U R V I V E ou Peanut Butter Wolf. O documentário sobre os Syrinx será exibido no dia 18 e John Mills-Cockell integrará uma conversa no dia 19 em que participarão também membros dos Animal Collective do “lisboeta” Noah Lennox.

 


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