pub

Publicado a: 28/03/2016

A caminho de Views From the 6: do actor ao rapper, a construção de Drake

Publicado a: 28/03/2016

[FOTO] Direitos Reservados

Drake é a figura de destaque nesta última semana de Março aqui no Rimas e Batidas. O rapper canadiano é, já há alguns anos, uma das grandes super-estrelas mundiais do hip hop e prepara-se para lançar no próximo mês de Abril Views From The 6, o quarto álbum de originais e o sucessor de Nothing Was The Same, editado em 2013. Começamos a semana por introduzir e contextualizar a história deste rapper canadiano aos nossos leitores.


[O INÍCIO]

Aubrey Drake Graham nasceu a 24 de Outubro de 1986, pelo que o autor de “Hotline Bling” está apenas a alguns meses de entrar na casa dos 30. Nascido em Toronto, no Canadá, Drake é filho de um pai afro-americano católico de Memphis, no Tennessee, e de uma caucasiana judia do Canadá. Este casal diferenciado originou a grande mistura étnica e cultural que também faz Drake, sendo que o rapper foi criado como um judeu pela mãe, depois de os pais se terem divorciado quando ainda era apenas criança levando-o a viver dividido entre os dois países da América do Norte. “Considero-me um negro porque estou mais por dentro da cultura negra do que de outra qualquer. Ser judeu é um twist fixe. Torna-me único”, afirmou o rapper sobre a sua identidade pessoal. Um improvável judeu negro do Canadá acabaria por se tornar uma das grandes estrelas mundiais do hip-hop e da indústria musical do globo.

A música corria na família desde cedo. O pai do pequeno Aubrey – Dennis Graham – foi baterista do lendário músico de rock ‘n’ roll Jerry Lee Lewis. No lado paterno da família, havia vários outros músicos: Larry Graham e os irmãos Teenie, Leroy e Charles Hodges (músicos de Al Green, entre outros), todos intérpretes de música negra e do universo do funk, da soul e do rhythm and blues – sendo que Larry não só tocou com os enormes Sly & The Family Stone como foi fundador e líder dos Graham Central Station. Mas a sua entrada no mundo do entretenimento deu-se de outra forma e noutro campo. Drake tornou-se popular no Canadá por ser actor na série adolescente de televisão Degrassi: The Next Generation, onde interpretava o papel de Jimmy Brooks, uma estrela de basquetebol que ficara paraplégico depois de ter sido alvejado por um colega de escola. “They like ‘damn who’s Drake, where’s wheelchair Jimmy at?'”, rimava Drake em “The Presentation”, faixa da mixtape Comeback Season.


[A ENTRADA NO HIP-HOP]

Ainda enquanto actor – na série onde fez um total de 145 episódios, entre 2001 e 2009 – Drake começou a escrever as primeiras rimas para uma mixtape, Room For Improvement, com DJ Smallz, que viria a sair em 2006, tendo vendido cerca de 6 mil cópias . O trabalho contou com as participações de dois músicos hoje reconhecidos que na altura também davam os primeiros passos, Trey Songz e Lupe Fiasco. No ano seguinte, depois de ter conseguido “espaço (e tempo) para melhorar”, avançou para a segunda mixtape, Comeback Season, que incluía o primeiro single e teledisco de Drake, “Replacement Girl”, também com a participação de Trey Songz.

Em 2008, o elenco de Degrassi: The Next Generationfoi reformulado e a personagem de Drake – que acabara o liceu, ao contrário do então actor, na vida real – foi retirada pelos produtores da série. Sem a sua fonte de rendimento assegurada, com a família a passar dificuldades financeiras e ainda a receber pouco dinheiro do rap, Drake esteve quase para ter um emprego normal para conseguir pagar as contas. “Eu estava a começar a aceitar que teria de trabalhar num restaurante ou nalgum lado para manter as coisas”, recordou o rapper canadiano. Mas não chegou a ser necessário. Na mesma altura, Drake recebeu um telefonema de… Lil Wayne, que tinha ouvido o trabalho do jovem MC e que o convidou para o acompanhar em tour precisamente na noite em que esteve para mudar de rumo – tal como nos filmes.


[O SUCESSO]

Desde esse momento fulcral, as coisas mudaram muito para Drake. Esteve em digressão e gravou com Lil Wayne, e, posteriormente, em 2009, lançou a terceira mixtape da sua ainda jovem mas produtiva carreira, So Far Gone. O trabalho continha o singleBest I Ever Had“, que chegou ao segundo lugar do ranking da Billboard, e o tema “Successful“, novamente com Trey Songz, que correspondeu ao título atribuído. “The Hottest Mixtape of 2009 (So Far): foi desta forma que a MTV descreveu esse trabalho de Drake, impondo-o no mapa mais visível do hip hop. Os êxitos dessa tape ascenderam do underground uns após os outros e começaram a ser frequentemente tocados na rádio. Em jeito de transição para os trabalhos futuros, a última mixtape do artista foi depois editada como um EP, mantendo cinco faixas originais de sete no total. O trabalho foi, a seu tempo, considerado disco de ouro pela RIAA, com mais de 500 mil cópias vendidas nos EUA. No mesmo ano, o singleForever“, produzido para a banda sonora do documentário More Than A Game, da estrela da NBA LeBron James, com features de Kanye West, Lil Wayne e Eminem, fez o nome de Drake chegar ainda mais longe.

Sem nunca parar, revelando uma “fome” acima da média, Drake manteve o ritmo impressionante de trabalho e em 2010 lançou o seu primeiro álbum oficial, Thank Me Later, que se estreou no primeiro lugar das tabelas de vendas de discos tanto nos Estados Unidos como no Canadá. O álbum tem participações de nomes como Jay-Z – que Drake tinha como uma das suas maiores referências -, Lil Wayne, Nicki Minaj e da cantora Alicia Keys.

No ano seguinte, Take Care, segundo álbum do rapper, chegou às lojas carregando singles como “Headlines“, “Make Me Proud“, com Nicki Minaj, “The Motto“, com Lil Wayne e Tyga, ou ainda o tema homónimo, com a participação de Rihanna, que se revelou um sucesso internacional. O álbum foi bem recebido, garantiu-lhe outro disco de ouro emoldurado na parede e valeu-lhe o prémio de Melhor Álbum de Rap na cerimónia dos Grammys de 2013.

Ainda em 2012, juntamente com o seu braço direito, o produtor Noah Shebib (40), fundou a label OVO Sound, que assinou primeiramente artistas como PartyNextDoor ou Boi-1da, além de estar associada a todos os trabalhos discográficos de Drake. No ano seguinte, o rapper lançou aquele que ainda é o seu último álbum, Nothing Was The Same, que solidificou o seu percurso até ao sucesso e à fama. O disco inclui temas como “Started From The Bottom” ou “Wu-Tang Forever“, entre tantos outros êxitos que firmaram o nome de Drake no topo da “cadeia alimentar” do hip hop.


[NO ÚLTIMO ANO]

Sem aviso prévio, em Fevereiro de 2015 Drake apanhou todos de surpresa e regressou com a mixtape If You’re Reading This Is Too Late, lançada primeiramente no iTunes, que chegou como uma bomba. Bastaram poucos meses para atingir o número redondo de um milhão de cópias vendidas, marca que equivale a um disco de platina, o primeiro atribuído pela indústria norte-americana no ano de 2015. Na silly season do Verão, Drake e Meek Mill envolveram-se em jogadas de rivalidade digital, com várias faixas de diss e resposta entre os dois, disputa que até relançou o debate sobre o ghostwriting no hip-hop.

Depois deste verão badalado, embora não pelos motivos mais nobres, Drake lançou em conjunto com Future a mixtape What A Time To Be Alive, que também se estreou no primeiro lugar de vendas levando Drake, uma vez mais, a fazer história ao ser o primeiro rapper em mais de uma década a conseguir chegar duas vezes ao topo num ano. “Hotline Bling“, o tema catchy que ainda bate nos headphones e nas colunas de meio mundo, já tinha chegado ao SoundCloud do rapper em Julho mas foi só com o respectivo vídeo – que se tornou viral, até pelas muitas paródias – que o tema alcançou a maior parte do público e deu um novo ímpeto a um ano já tão forte do rapper de Toronto, que fez por se bater em termos de popularidade com, por exemplo, a mestria e o fenómeno de To Pimp A Butterfly de Kendrick Lamar.

Já no presente ano de 2016, Drake apresentou o single “Summer Sixteen”, o primeiro tema oficial de Views From The 6. Há um par de semanas, o “6 God” fez igualmente saber que o seu quarto álbum deverá ser lançado no mês que arranca na próxima sexta-feira, Abril. Entretanto, Drake afirmou ter assinado pela britânica Boy Better Know, editora de grime e casa de artistas grandes como Skepta, pelo que será lógico pensar que alguns destes músicos poderão participar em Views From The 6.Em breve se confirmarão ou negarão tais suspeitas. Certo, certo é que a história do irrequieto Drake não pára, constrói-se a cada dia, e já pouco falta para a chegada de um novo capítulo.

pub

Últimos da categoria: Ensaios

RBTV

Últimos artigos