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Publicado a: 18/12/2017

Dekor: “O meu sonho está cumprido, lancei o álbum!”

Publicado a: 18/12/2017

[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [FOTO] Direitos Reservados

Parece que só o começámos a ouvir agora através dos instrumentais do EP Old Fashion com Puro L, mas a verdade é que Dekor já faz parte da cultura hip hop há 12 anos. Só este ano, 2017, lançou quatro trabalhos, de entre os quais o primeiro álbum a solo. Chama-se Som de Fundo e está disponível desde dia 14 de dezembro.

 



Foi pela mão de Mentor que começou a fazer rap. Apesar de ter escrito as primeiras rimas por cima de um instrumental que também criou, o primeiro EP, Força de Vontade, só tem beats de Mentor e foi lançado em 2006. A partir daí foi raro o ano em que André – o nome verdadeiro de Dekor – não publicou um trabalho. Em 2008 estava cá fora a mixtape Greve Geral, em 2011 a mixtape Calibre 380 e em 2012 o EP Uma Semana com TK nos Beats em parceria com o Cap, rapper de Setúbal. Veneno foi o primeiro projecto a solo, em 2013 e, dois anos depois, lançou o EP Cego Surdo e Mudo que produziu para Roke 714.

2017 foi um ano farto. Começou  logo em janeiro com o BRDZ x Dekor vol. 1, álbum que coincide com a vontade de se focar nas artes da produção. Em Setembro lança com o seu mentor, Mentor, o EP Beats e Bitaites. Novembro trouxe o Old Fashion em parceria com Puro L, companheiro de vários palcos e com quem atua no dia 22 de dezembro no Hard Club, no Porto. Som de Fundo saiu no dia 14 de Dezembro e, por agora, no digital podemos ouvir três faixas do trabalho de 18 músicas que está à venda por 10 euros através de encomenda por e-mail. De acordo com o artista não falta muito para vermos mais um videoclip e ouvirmos o álbum em todas as plataformas digitais, mas para já, revelada em primeira mão ao Rimas e Batidas, fica o alinhamento do disco completo, seguido pela entrevista que concedeu à nossa revista digital:

 


[ARTWORK]

dekor

 

[TRACKLIST]
1 – Intro
2 – Desculpa a Espera
3 – Clássico (com DJ Flip)
4 – Som de Fundo (com Brdz)
5 – Rasgar Pano
6 – Caso Sério (com Nocas)
7 – Quero Viver (com Able)
8 – Skit
9 – Vinyl de Jazz (com Maze e Macaia)
10 – Mais Perto (com Able)
11 – Episódios de Café
12 – Zé Nando
13 – Quero-te Aqui (com Able)
14 – Realidade Encenada
15 – Dá-me Rap (com DJ Flip)
16 – Sem Misturas (com Relax e DJ Flip)
17 – Calor da Cidade (com Lazy)
Bónus Track:
Gente Fina é Outra Coisa

 


Só em 2017 lançaste quatro trabalhos, incluindo a tua primeira aventura em álbum a solo. Estamos a chegar ao fim de 2017, como descreves o teu ano?

Um ano muito positivo e também de muito trabalho. Consegui fechar estes projectos que tinha na gaveta e ainda consegui fechar outros que já estão em lista de espera para 2018.

Em Janeiro lançaste BRDZ x Dekor vol. 1. Fala-nos um pouco desse trabalho.

O álbum com o Brdz nasceu numa ideia que tivemos em 2015, quando ele lançou a mixtape dele na altura, RadioAtividade. Ele lançou esse projecto numa altura que coincide com a minha vontade em começar a focar-me mais nas batidas e produzir EP’s para alguns artistas! Como já conhecia o Brdz há muitos anos e sempre adorei o trabalho dele, lancei-lhe o desafio que ele prontamente aceitou. Mandei-lhe alguns beats para ele trabalhar e começou a gravar em casa dele e mandava-me as pistas para eu misturar. Quando demos por nós já tínhamos faixas suficientes para fechar o EP mas ainda estávamos cheios de vontade em fazer mais, e expandimos a ideia de EP para álbum… E assim nasceu este Vol. 1, que deixamos em aberto para um futuro breve o Vol.2.

Em Setembro estava cá fora o Beats e Bitaites com o Mentor.

O Beats e Bitaites com o Mentor era algo que tinha mesmo de acontecer e foi super natural. Eu quando comecei a rimar e a fazer os meus primeiros beats foi por influência do Mentor, foi quem me ajudou, me ensinou muitas coisas e onde eu comecei a dar os primeiros passos nesta aventura. Sempre tivemos a vontade de um dia fazermos um projecto em conjunto e foi neste momento que sentimos que tínhamos todas as condições para avançarmos com um EP. Começamos a ir para o estúdio todas as semanas gravar, fazer beats ou até mesmo escrever. Temos uma grande química de trabalho e foi muito fácil e divertido concretizar este trabalho. Conseguimos ainda juntar mais 6 mc’s e um DJ numa faixa do EP (música “Assassino” com Nagy, Puro L, MC Zero, Lazy, Hades, Nocas e Dj Flip), que foi algo que nos deu um prazer enorme.

Old Fashion saiu em Novembro e és o produtor de todo este EP com o Puro L.

O EP com o Puro L também foi algo que nasceu naturalmente. Somos amigos há muitos anos, somos parceiros de palco, andamos em estrada sempre os dois e, como tal, assistimos e passamos por muitas coisas. Tivemos a ideia de trabalharmos em algo em conjunto, ele ia ouvindo regularmente praticamente todos os instrumentais que eu ía fazendo e fomos selecionando os que queríamos para o EP,  tendo em conta que procurávamos uma estética um pouco mais pesada e mais crua. Procuro sempre ter um toque fresco nos beats, mas sem nunca perder a essência e a sonoridade que me fez apaixonar pelo rap. Estávamos em plena sintonia pois ele também precisava de desabafar algumas coisas, agora que nós já assistimos por dentro a muitas coisas que se passam neste meio, e daí nasceu o nome Old Fashion, um EP também com um toque um pouco saudosista em relação a outros tempos e valores.

As aventuras na produção só começaram este ano?

Curiosamente eu comecei a integrar-me na cultura como produtor, a minha primeira música foi num instrumental meu. Mas rapidamente meti a produção de lado e dediquei-me só as rimas. Em 2014 depois de lançar o meu EP a solo (Veneno), resolvi voltar a pegar nos beats, comprei uma MPC, dediquei-me mais a sério à produção e nunca mais consegui parar. Não há uma semana que passe que eu não faça pelo menos um instrumental. Das coisas que mais me dá prazer é ir para o estúdio sozinho, estar apenas na companhia de samples e drumbreaks a rolar no vinil, gravar para a MPC e começar a recortar tudo e a montar o puzzle.

Fechaste o ano com o teu primeiro álbum Som de Fundo, que lançaste no dia 14 de dezembro com a música “Rasgar Pano”.

O meu álbum surgiu já tarde mas foi quando teve de ser. Sempre tive o sonho de ter um álbum, mas também sempre tive a consciência  de que me tinha de sentir preparado com todas as ‘armas’ necessárias que me permitissem fazer da forma que sempre sonhei. Sempre quis um álbum de autor completamente independente, com todos os instrumentais feitos por mim, as misturas e masters. Queria também um álbum de 18 músicas em forma de humilde homenagem ao álbum de Dealema de 2003. Comecei então a trabalhar no disco em meados de 2016 e posso dizer que foi um processo relativamente fácil e rápido, tinha muitas coisas para dizer que só faziam sentido serem ditas no contexto de um álbum. Tenho músicas muito pessoais, com muitas experiências que fui tendo ao longo da vida, onde me exponho muito e revelo pormenores das minhas inseguranças, medos, da minha família, problemas de saúde, etc. Consegue ser ao mesmo tempo um álbum muito pessoal e também virado para o rap e para os meus pares, consumo muito rap e amo a cultura hip hop. Tenho o prazer ainda de ter pessoas a participar no disco que admiro imenso, grandes amigos e até referências com que cresci a ouvir, como o Maze e o Nocas. Tenho também o Dj Flip a riscar algumas faixas, o meu amigo de infância Able em três refrões, o meu parceiro Lazy, o Relax, Brdz e o Macaia. Finalmente está na rua!

 


dekor puro l


Estão três faixas do álbum no YouTube, “Clássico”, “Realidade Encenada” e “Rasgar Pano”. Vão sair mais no YouTube ou só em formato físico?

Sim, já partilhei três músicas do álbum, com videoclipe, no YouTube, sendo que esta última a “Rasgar Pano” surge no dia de lançamento do álbum. Vou lançar mais um videoclipe no fim do ano ou início do próximo. Mais ou menos por essa altura também sairá o álbum completo em todas as plataformas digitais.

Qual é a tua mensagem neste primeiro álbum a solo da tua carreira? Fazes crítica social na “Rasgar Pano”, por exemplo.

Não tenho nenhuma mensagem específica, mas centro-me muito em experiências pessoais e em crítica social. Tentei ter um álbum eclético, com diversas sonoridades e mensagens, onde exponho diversas opiniões sobre temas que me interessam e onde também me dou a conhecer como pessoa. O “Rasgar Pano” é um som de crítica social que fala duma sociedade muito virada para a imagem e para a impressão que querem causar no vizinho e nas redes sociais. Andamos preocupados em ostentar, no “parecer” mais que no “ser”. Tenho também outra música que vai um bocado de encontro a esta temática mas mais virada para os VIP’s, as capas de revista. Os singles que lancei representam bem o que é o álbum, a “Clássico” é um som back in the days que fala da minha adolescência e referências que me ficaram marcadas. A “Realidade Encenada” é um tema mais introspectivo onde faço o paralelo entre a minha vida e uma peça de teatro, onde a emancipação dos meus sonhos apenas é possível numa realidade encenada.

Quais têm sido os comentários ao teu trabalho deste 2017 farto?

Para já só tenho tido feedback positivo em relação ao que tenho lançado. Há muita gente que se identifica com o que tenho transmitido nas músicas, tanto a nível de letras, feeling e sonoridade.

Quais são as próximas metas? Há concertos marcados?

Agora para 2018 quero deixar cimentar bem o álbum, apresentá-lo ao vivo e promovê-lo o máximo possível. Quero também lançar alguns projetos que tenho na gaveta que esperam para ver a luz do dia e fechar outros que tenho a meio. Basicamente ir mantendo o ritmo de trabalho, ir fazendo as coisas com prazer o melhor que conseguir e o que vier é por acréscimo. O meu sonho está cumprido, lancei o álbum! Vou tocar agora dia 22 no concerto do Puro L no Hard Club na festa de lançamento do álbum de Kappa Jotta. Tenho também datas praticamente fechadas para Janeiro e Fevereiro em locais a revelar.

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