[TEXTO] Rui Miguel Abreu

Os Death Grips são uma célula de terror sónico imposta no coração da indústria discográfica: o trio de MC Ride vem de Sacramento na Califórnia e sempre soou como uma versão extrema do improvável cruzamento dos Disposable Heroes of Hip Hoprisy com os Napalm Death e os Test Department. No novo Bottomless Pit, Ride, Zach Hill e Andy Morin continuam a não fazer prisioneiros e a música continua a soar como uma selvagem apropriação do ruído digital que flutua no universo paralelo da internet, descargas rítmicas típicas do metal mais hardcore, mas com o fundo grave anulado, como se os Grips quisessem mesmo deixar-nos os ouvidos destruídos. O grupo como se sabe tem sido muito prolífico, com lançamentos que muitas vezes confundem as expectativas dos fãs e desafiam convenções da indústria, mas neste Bottomless Pit soam invulgarmente focados, com temas que apesar de abrasivos e corrosivamente ácidos trazem estruturas claras e afiadas mensagens de combate. A revolução está no ar.

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Texto originalmente publicado na revista Blitz, em 2016