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Publicado a: 12/01/2018

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[TEXTO] Diogo Pereira 

David Bruno é um indivíduo curioso. Quem o conhece (e quem o acompanha no Facebook) está a par da sua paixão assolapada pelo kitsch, das suas raízes nortenhas e do seu amor a tudo o que é corriqueiro e modesto, ao seu país e à sua pitoresca portugalidade (e às suas personagens, que, segundo o próprio, “têm mais piada do que qualquer ficção”), dos empresários das PMEs à sabedoria dos velhos, das notícias insólitas do Correio da Manhã às intervenções de populares em fóruns de debate televisivo, do calão à gastronomia. O mesmo país dos stands de automóveis em segunda mão, da sucata, dos cartazes de autárquicas, dos snack-bars, dos erros de ortografia nas ementas, enfim, do Portugal no seu melhor, como o título de um célebre site humorístico do início do século.

Esse amor é professado em pequenas crónicas humorísticas que publica regularmente na sua página, semelhantes às que Miguel Esteves Cardoso escreveu nos anos 90 (e Ricardo Araújo Pereira, mais recentemente), no mesmo tom misto de reverência, fascínio e sátira.

Por isso, naturalmente, seria de esperar que disto tudo nascesse um projecto como os Corona, uma carta de amor ao kitsch lusitano e a tudo o que há de foleiro neste pequeno país, desde a pequenez do crime organizado ao aconchegante sexo com prostitutas, um projecto situado algures entre o sensuokitsch dos Lovage e os álbuns satíricos de Prince Paul, sempre sem tirar a língua da bochecha.

É dessa forja que vem o seu mais recente álbum, O Último Tango em Mafamude, que continua essa tradição e segue o mesmo ideário, no tom dos seus versos e na paleta sonora que emprega. É no kitsch que David Bruno se sente à vontade, e daí não foge.

Também continuam as juras de amor à sua cidade, patentes na abundância de referências locais, que vão deixar qualquer lisboeta de água na boca para almoçar no Carpa, ficar hospedado no Tropicana ou no já extinto Hotel Mirassol, ou namorar junto à Torre da RTP no Monte da Virgem.

A familiaridade é, aliás, a grande virtude deste álbum: o produtor gaiense ainda não esgotou as suas fórmulas, felizmente. Quem acompanha a sua obra, e gosta do que já ouviu, encontrará aqui um disco que responde às suas necessidades: O Último Tango é suficientemente familiar para agarrar fãs de longa data e rico em novas ideias para não os enjoar.

O melhor dos Corona sempre foi a música, não fosse o mentor do projecto um produtor acima de tudo. Conhecido pelo seu bom gosto e eclectismo musical (que tivemos oportunidade de ouvir em 4400 OG, a sua versão de Donuts), e um óptimo ouvido para samples, volta a impressionar-nos aqui, oferecendo-nos música viva e brilhante que transpira melodia, ritmo e tem groove para dar e vender. Uma obra que vive do imaginário do rasca e do foleiro, do sexo barato e do crime reles, tem forçosamente que se socorrer do funk, do soul, do lado mais suave e fusionista do jazz e de bandas sonoras de pornografia de antanho, de blaxploitation e do cinema menos recomendável, digamos, como fontes para as suas samples. Mas desta vez David Bruno recorre a outra mina de ouro para as suas escavações sonoras: a música romântica.

É isso que se ouve aqui, e não é pouco. Em conversa com João Pinheiro, disse que pretendia samplar só as coisas mais foleiras, e é isso que ocupa o álbum: muitas cordas piegas, harpas celestiais, trompetes pungentes (como os de uma cover da banda sonora d’O Padrinho, que fãs de hip hop português reconhecerão de “Lena (A Culpa Não É Tua”), melodias cintilantes de piano e órgãos baratos, white noise de ondas do mar, baixos gordos, lânguidos e sensuais, guitarras de novela latino-americana, riffs melancólicos de baladas soft rock (o de “Alfa Romeu & Julieta” é delicioso) e percussão que bate leve, levemente, como quem chama por um amor que não responde. Mas de todos os instrumentos usados por David, a grande presença aqui é sem dúvida a da guitarra, que dá ao álbum todo o seu sentimentalismo.

A isto tudo junta-se a voz de dB (elevando-o acima de um mero disco de instrumentais), que surge de vez em quando, sempre maviosa e sedutora, cantando, em tom jocoso, sem nunca largar a personagem, os mesmos refrões catchy que ouvimos nos álbuns de Corona (como “Alfa Romeu e Julieta/Meto uma primeira e lá vou/Canidelo é já ali em baixo/Baby relaxa e sente o som” ou “Monte da Virgem platónico/Onze e meia, ao pé da RTP/Eu e tu, ninguém sabe, ninguém vê”). O mesmo coloquialismo, a mesma intimidade fingida com o ouvinte. Mas sem nunca ofuscar a música, que é o mais importante aqui.

Desta vez, David pôs de parte o funk, o soul, o rock psicadélico e o jazz de obras anteriores para nos levar numa viagem pelo mundo do soft rock, das bandas sonoras e das baladas, os géneros de escolha para a base sonora de um álbum sobre o passado, e o quão bom era viver nele. O Último Tango em Mafamude vem devidamente encharcado em nostalgia e pinga sensualidade.

Curiosamente, de todos os samples empregues, e não obstante todo o seu amor à pátria, continua a não haver aqui sinais de música portuguesa: não se ouve uma guitarra de fado ou um acordeão. Em vez disso, temos a mesma receita dos álbuns anteriores (a solo e com os Corona), porque em equipa que ganha não se mexe: um cocktail de loops sensuais e baixos líquidos em cima de batidas boom bap a tempo médio, que incluem breaks familiares (como algo que parece “The Sorcerer of Isis“), que embalam os lânguidos e plangentes samples musicais de órgão e guitarra. A sua música continua como sempre foi: suave e irresistível, nocturna e fumarenta, sedutora e viciante, em parte melancólica, em parte nostálgica, em parte sensual.

Mais uma vez, como fez em [Beat]erapia ou 4400 OG, e à semelhança dos grandes produtores da era dourada do hip hop, vai buscar melodias suaves e límpidas para colocar em cima dos seus breaks de recorte clássico, algo que o coloca ao lado de Pete Rock, Large Professor ou 9th Wonder, e longe de produtores contemporâneos mais espalhafatosos como Just Blaze ou Timbaland. dB não arrisca, o que é uma decisão sensata: as suas batidas lentas e melosas nunca saem do tempo médio, de modo chillout/lounge, o que fazem delas um deleite para os ouvidos. Deixa as melodias delicodoces de piano, órgão e guitarra falarem por ele, o que faz com que todo o álbum usufrua de um modo suave e etéreo, como que suspenso num toldo de praia, pronto a ser varrido por uma brisa de verão.

Tal como 4400 OG, O Último Tango em Mafamude é também um concept album, e partilha muitas semelhanças com ele, além da sonoridade comum mencionada: volta a ouvir-se o mesmo amor às suas origens, os mesmos excertos de notícias de crimes insólitos da sempre prestável CMTV, e é tão descontraído e suave. Se o homólogo de Donuts era sobre Gaia, e Cimo de Vila sobre o mundo do sexo e do crime, O Último Tango é sobre o amor. E um tipo muito específico de amor: o foleiro, romântico, desesperado, saudosista, não correspondido.

Se 4400 OG foi inspirado pelo clássico de J Dilla, este parece emular Beats Vol.1 – Amor, de Sam The Kid, considerando a temática de romance e a escolha de samples, embora com tanto humor como amor. Desta vez, o alvo da troça recai sobre o universo também kitsch (como não podia deixar de ser) dos cantores românticos, como o denuncia desde logo a capa, com David Bruno em pose fatalista com os cabelos besuntados de brilhantina. Aliás, não é por acaso que o álbum é vendido com duas bases para copos. dB sempre deu importância à edição física dos seus álbuns, e este é para ser, justamente, ouvido num bar de canto, bebendo um copo de uísque numa destas bases, com David Bruno a olhar para nós, e nós a olharmos para ele.

O Último Tango em Mafamude está algures entre esse clássico de Samuel Mira, Music to Make Love To Your Old Lady By dos Lovage, e a série Beat Konducta de Madlib. Se bem se lembram, o clássico do hip hop instrumental e da música portuguesa foi apresentado como uma história de amor (nesse caso a dos pais de Sam) contada através de samples. OUTM segue as mesmas coordenadas, mas desta vez o amor é platónico, menos sério, e tem outro objecto: a sua amada cidade natal, Vila Nova de Gaia, representada aqui por Mafamude, pequena freguesia agora extinta, o que só acrescenta ao seu encanto nostálgico. Esse amor é expresso através de 11 instrumentais, que podem saber a pouco, mas na verdade, a curta duração do álbum só o enobrece, por não aborrecer.

E embora este seja um álbum predominantemente instrumental, é possível discernir uma história, a partir dos habituais samples de notícias da CMTV. E acaba, como não podia deixar de ser em contos de amor não correspondido, em tragédia: depois de atirar o carro ao rio numa tentativa de suicídio falhada, o nosso herói decide mudar-se para Rio Tinto.

Conceptualmente, é sólido e coerente, muito mais do que as suas beat tapes soltas pré-4400 OG. E como qualquer concept album que se preze, O Último Tango tem uma geografia e uma época bem definidas. Essa época são os anos 80 e 90, tempos áureos do país que, longe da crise do novo século e recém-enfartado de dinheiros da União Europeia, assistiu ao enriquecimento da classe média e ao aparecimento dos novos-ricos.

À semelhança dos vídeo-álbuns de Corona, O Último Tango em Mafamude é também acompanhado de um vídeo (que, como é óbvio, não está em alta definição) que começa por fazer homenagem ao vaporwave, com imagens de qualidade VHS de uma estátua grega (que na verdade é “O desterrado”, do escultor gaiense Soares dos Reis) com som de fundo de ondas do mar. À primeira vista, as afinidades com o género são óbvias, e parece um vídeo igual a tantos outros do estilo. Mas é bem mais do que isso.

Porque não é a sátira vazia e puramente estética que dB procura. É o humor que está aqui em evidência. De facto, todas as marcas do vaporwave estão aqui (incluindo as esculturas gregas, a veneração do glitch analógico e das cores saturadas), sobretudo a mesma obsessão nostálgica pelo passado, mas sem o distanciamento frio e irónico típico do género.

Em vez disso, há um notório afecto pela época e pelo ambiente que evoca, e uma ternura comovente pelos objectos que os habitam: os depoimentos de populares, os apanhados, os cantores pimba, os fatos de treino foleiros, a meia branca com raquetes e o chinelo, a brilhantina no cabelo, os grafismos amadores, os anúncios a prestações nos intervalos das novelas, as linhas de valor acrescentado, as cores garridas, o mau gosto, o kitsch. E tal como o vaporwave, entende que o passado sabe melhor quando visto sob o filtro da memória, do sonho e do desejo. Tal e qual uma droga.

Essa época e esse lugar são Vila Nova de Gaia nos anos 80 (especificamente, um dia, 17 de Julho de 1986, durante o qual foram filmadas muitas das imagens): o hotel Mirassol, a Torre da RTP no Monte da Virgem, o restaurante Carpa, as marisqueiras, os autarcas populistas, as casas de dois andares, as procissões religiosas, as senhoras gordas em fato de banho, os chapéus de sol, os polícias de trânsito, os coretos, os velhos, as lambretas ruidosas, os letreiros a dizer “Cuidado com o cão”, a ponte D. Luiz, os pescadores, os passeios de barco, as crianças a mergulharem no rio, as mulheres a lavarem a roupa na margem.

Todo este guia turístico em registo de vídeo caseiro é entrecortado por uma narrativa engraçada, a de um fanfarrão de fato de treino, pulseira de ouro, cabelo encharcado de gel, óculos de sol foleiros e um embrulho debaixo do braço. Um homem simples, de hábitos e gostos simples. Acompanhamos o seu dia enquanto passeia o cão, lava o carro de calções, com esponja e sabão, lê o jornal, vai à tasca beber um copo fresco de Vinha do Caseirinho, espera que o semáforo passe a verde e passeia pela sua Mafamude, em ruas tão exíguas que parecem não ter sido feitas para acomodar um automóvel. Pelo meio, masca pastilha, verifica o seu hálito com a mão, mordisca o aro dos seus óculos e (claro) cospe para o chão. Sem nunca esconder os seus tiques, mas ostentando-os com orgulho.

 



Em parte home video, em parte guia turístico, o vídeo conjuga sabiamente o ridículo com o erótico, através da justaposição de anúncios a whisky e chocolates com gravações caseiras, telediscos de cantores pimba, apanhados de populares, documentários antigos a preto e branco da RTP Memória, debates de autarcas (destaque para o hilariante populismo de Guilherme Aguiar e o seu bigode ridículo – “Eu cresci em Gaia! Eu estudei em Gaia! Tenho quatro filhos que nasceram em Gaia! Tenho uma neta que nasceu em Gaia”), linhas de valor acrescentado e publicidade à novela da noite, com muita “chuva” e miras técnicas pelo meio. Tudo montado à pressa em tempos pré-Final Cut. Como se fazia antigamente. E uma maneira de filmar a cidade que mostra a sua beleza tanto quanto a sua modéstia (afinal, foi David Bruno que disse que gostava tanto das coisas boas como das coisas más do seu país). Pelo meio, o nosso protagonista canta as letras, posando em cima de contentores do lixo junto a cercas ou urinando em esquinas. Classe.

E tem pormenores sublimes, para quem está atento: o tracking do VHS no início do vídeo, com as letras garrafais PLAY e EJECT no canto superior esquerdo, o clássico ecrã de configuração da data da câmara, no mesmo fundo azul, o logótipo da DGT, um travelling do conta-quilómetros de um FIAT rasca, um frame de uma agência de viagens espanhola, um anúncio a um sorteio de um FIAT 4 com “cupões na imprensa”, a mira técnica da RTP Porto, um anúncio em que uma garrafa de espumante Raposeira serve de ponteiro do relógio, um menu que diz “boroa de Avintes” em vez de broa, imagens de Marante a conduzir o seu descapotável vermelho e uma belíssima e inesquecível montagem de uma pomba branca a bater as asas em câmara lenta ao som da célebre notícia da mulher que perdoou o marido que a obrigou a ter relações sexuais.

Além dos hilariantes pormenores do protagonista, que afasta o cão com a ponta do pé para “deixar os senhores passarem”, passa a esponja e depois o dedo pelo tubo de escape para “ver se está tudo limpinho” e palita os dentes em frente ao espelho da casa-de-banho.

Na crítica a Cimo de Vila Velvet Cantina, afirmámos, em tom jocoso, tratar-se de “uma punheta de quarenta e dois minutos”. Este talvez continue a sê-lo, por ser tão irreprimível, incorrigível e auto-indulgente. Revela o mesmo deleite no kitsch, e tem sem dúvida os mesmos ingredientes, musicais e estéticos. O ambiente é o mesmo, e continua a acusar a presença do erotismo foleiro e do humor auto-depreciativo. Mas é um animal diferente: tem bastante mais ternura e bastante menos sleaze. Talvez por isso, seja mais comovente do que engraçado.

Na mesma crítica, dissemos que “não é, em verdade, um concept album, porque não se leva demasiado a sério para isso. Mas partilha da sua natureza: é cinematográfico na sua visão e ambição, ao criar um universo estético e temático coerente, ao qual permanece fiel até ao fim”. Descrito como um álbum de bar de canto, “algures entre Madlib e Toy”, O Último Tango é semelhante, e porventura ainda mais próximo do cinema (ou “audio-telenovela gaiense”, como é descrita pelo autor), prova de que felizmente, David Bruno continua fiel a si próprio, ao seu sentido de humor, e ao seu amor a Portugal. E continua a “abraçar o kitsch sem medos, nunca caindo na foleirada completa ou na indigência artística”.

Este álbum é destinado a uma certa geração de portugueses, a que nasceu nos 80s, numa época que compensava o seu mau gosto com uma simplicidade ternurenta. A quem cresceu com a televisão em vez da Internet, com o poder das imagens antes da hegemonia da informação, com a artificialidade do analógico em vez da alta definição do século XXI e do realismo e detalhe do digital. A quem fez muitas viagens pelo país fora, antes de a Internet ter tomado conta das nossas vidas, e de termos vendido a alma ao Facebook.

A quem passou muitas horas à frente da televisão, a ver anúncios e separadores coloridos, e no banco de trás, em viagens de família para descobrir Portugal, enquanto os nossos pais filmavam diligentemente cada minuto de todas as procissões, até não haver fita na cassete para filmar o que verdadeiramente importava, a felicidade de tudo aquilo, de todos aqueles momentos que seriam perdidos para sempre no tempo, irremediavelmente.

Para essas pessoas, O Último Tango em Mafamude é uma comovente carta de amor. E por isso, não deve ser visto por ninguém com menos de 28 anos. Cada geração tem fascínio pelo seu passado, e pela sua infância. Esta foi a infância de David, aqui contada em modo visual e sonoro. Com muita estática, muito kitsch, e muito turismo rural.

O Último Tango em Mafamude é mais um feliz título na discografia de David Bruno, uma continuação da estética que criou, e uma prova dos seus talentos. Tal como 4400 OG, o novo trabalho é um clássico do hip hop instrumental feito em terras lusas, que cimenta dB como um dos melhores produtores do hip hop português.

É um álbum delicioso porque, tal como o seu antecessor ou os álbuns de Corona, não se coíbe de assumir ao que vem. Tem orgulho nas suas raízes, rejubila no material que satiriza, não tem pejo em ir aonde tem de ir. É um gesto de amor e de liberdade.

Junte-se a isto a curta duração do álbum (33 minutos), que não cansa, e temos uma óptima dose de entretenimento barato que, se encarado nos seus termos, pode ser divertido, agradável, hilariante e (porque não?) enriquecedor. Ou num registo mais apto à estética aqui evocada, “uma meia-hora bem passada”.

O Último Tango em Mafamude é uma obra sobre o passado, circunscrita a uma época e um lugar, o que talvez limite o seu público. Mas para quem souber apreciar este universo, abraçar a sua estética e admirar a sua coragem, há aqui muito para encontrar.

Como é óbvio, e tal como Cimo de Vila, não é para todos os gostos. Dependendo da sensibilidade e do gosto do ouvinte, este achá-lo-á engraçado, pitoresco ou simplesmente ridículo. Fica ao critério de cada um. Mas não podemos acusar o seu autor de desonestidade artística, ou fingimento de qualquer espécie, o que é de louvar. Há quem fuja do passado, e quem olhe para ele com ternura, saudosismo e humor. Felizmente David Bruno pertence ao segundo grupo.

De parabéns está também toda a equipa: o grafismo de Maria Leonor Figueiredo está com o nível perfeito de foleirice, no seu pastiche à capa da “Colectânea” de Marante; o vídeo, filmado por Leonor numa Handicam antiga, e editado por Ivo Fontão (sabe-se lá no quê), transporta-nos com sucesso para um Portugal de outrora, enquanto os solos de guitarra “à Bon Jovi” e arranjos de cordas de Marco Duarte, juntamente com os arranjos de teclas de Pedro Ricardo, completam a atmosfera sensuokitsch.

Num post em Dezembro, dB confessou-nos: “E se todo este álbum fosse uma farsa?”. É claro que este álbum é uma farsa, e por isso mesmo é tão bom.

No fundo, David Bruno está a divertir-se, e a convidar-nos para nos divertirmos com ele. Para participarmos no seu ato masturbatório, que ao contrário de tanta outra criação artística, é inclusivo, e não exclusivo. Se isto não é arte, o que é?

 


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