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Confirma-se: o rap e o r&b estão a dominar a indústria musical

[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [FOTO] Hélder White

Já o tínhamos escrito a meio de 2017: o rap e o r&b são os géneros dominantes na indústria musical. Agora, em fase de fechos e balanços, a Nielsen, empresa de pesquisas de mercado que todos os anos analisa os números da indústria americana, publica um relatório que volta a confirmá-lo. Com sete do top 10 dos artistas mais ouvidos, o hip hop e o r&b (juntos na mesma categoria de género) são pela primeira vez na história o número um das preferências dos ouvintes. Esta meta foi cortada com a ajuda do aumento em 72 por cento do consumo de músicas deste género nas plataformas streaming. Em Portugal, não existem relatórios detalhados, mas, pelo que está à vista de todos, o hip hop português vai de vento em popa. Já lá vamos.

Comecemos pelos dados do relatório da Nielsen. No topo da lista do top 10 de artistas mais ouvidos estão Drake e Kendrick Lamar, respectivamente. O autor de More Life teve o equivalente a quase 5 milhões de álbuns vendidos, em 2017. E K-Dot, que de forma unitária teve neste ano que acabou há pouco o álbum mais vendido — um milhão e cento e 26 mil cópias físicas vendidas de DAMN. –, não ficou longe dos 4 milhões nas contas de consumo total. Mas são sete em dez e por isso não se pode deixar de referir os números igualmente incríveis de Future que está em quinto lugar, muito pela razão do digital, com mais de 2 milhões e meio no total de consumo. Revival de Eminem a chegar mesmo no final do ano contribuiu para o nono lugar do músico. À sua frente ficou Post Malone, com pouco mais de 2 milhões de consumo total e a fechar a lista está Lil Uzi Vert que ocupou muitos tops com a música “XO Tour Life”.

 



Por cá, as contas fazem-se apenas com a exactidão que o olhar aos números das plataformas de streaming, do YouTube e dos nomes em cartazes de grandes encontros musicais nos permite. 2017 foi, parece-nos, um ano de crescimento para o hip hop português. Começamos por olhar para os festivais cheios de nomes nacionais deste género – o Rimas e Batidas até fez um guia para que não se perdessem os melhores concertos. O Super Bock Super Rock, o MEO Marés Vivas, o MEO Sudoeste, o Bons Sons, o Sol da Caparica, o Vodafone Paredes somaram cerca de 35 concertos do género e em português – sem contar com as presenças internacionais que este ano incluíram Kate Tempest, Future, Mac Miller, Lil Wayne, Pusha T, entre outros. E, claro, neste campo não podemos esquecer A História do Hip Hop Tuga que esteve em revista no palco do Sumol Summer Fest, com mais de vinte rappers presentes.

No YouTube, as visualizações tornam ainda mais visível esta crescente preferência pelo género hip hop e mais palpável o facto de o panorama do consumo de música ter mudado radicalmente na era digital – em 2016, Ricardo Farinha escrevia sobre o tema. Olhando para 2017, conseguimos identificar vários artistas com vídeos com mais de 5 milhões de plays. “Se Eu Não Acordar Amanhã”, de Piruka, tem 15 milhões de visualizações. “Não Sinto” do colectivo Wet Bed Gang já passa os 8 milhões e a faixa “Aleluia” segue-lhe o rasto já com 7,8 milhões em cinco meses. 9 Miller também tem a música “Filho da Guida” neste “top 5” com 7,3 milhões, seguido de Regula e Dillaz com “Wake n Bake”. Se consultarmos o site SocialBlade, que compila as estatísticas da plataforma YouTube, podemos ver que no top 250 de contas YouTube portuguesas (ordenadas por número de visualizações) Piruka está em 29.º, à frente de Agir, de David Carreira ou até de Rui Unas, por exemplo. O canal da Superbad. também está na lista, assim como o dos Wet Bed Gang.

Também fomos ver a lista das 50 músicas mais tocadas em Portugal no Spotify e descobrimos que em sétimo está “Só Vim Dizer Yau”, a mais recente faixa de Piruka. Encontramos também “Water”, música que junta Slow J, Lhast e Richie Campbell. Lhast e Dillaz também estão na lista com “O Clima”, “Aleluia” dos Wet Bed Gang também está neste top 50, assim como “Cala a Boca” de Holly Hood.

Sem números mais concretos em que pudéssemos visualizar um gráfico de crescimento no tempo, a verdade é que o género hip hop está em franco crescimento em Portugal e no mundo. O que será que 2018 reserva? A nossa aposta é que esta tendência só vai acentuar-se durante o ano. Cá estaremos daqui a 12 meses para o confirmar.

 


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