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Publicado a: 01/08/2016

Cinco óptimos motivos para rumar ao Neopop 2016

Publicado a: 01/08/2016

[TEXTO] Miguel Arsénio [FOTO] Direitos Reservados

Tem início já na próxima quinta-feira, dia 4 de Agosto, aquele que há onze anos é um dos mais interessantes festivais de música electrónica a ter lugar em Portugal: o Neopop (anteriormente conhecido por Anti-pop). Entre colossos do techno e DJs de vasta experiência e reputação, o festival que decorre em Viana do Castelo durante três dias dispõe de todos os pretextos possíveis para fazer dançar o corpo e a mente. O ReB destaca aqui cinco desses para vos ajudar a decidir o que fazer com os dias 4, 5 e 6 de Agosto.

 


[CRITÉRIO]

Se pudéssemos definir o cartaz do Neopop numa só palavra, a escolha recairia quase inevitavelmente sobre “critério”. Percorremos os nomes exibidos no cartaz e não há um só que pareça ter caído ali de para-quedas. Isso resulta naturalmente numa consistência bastante útil a um festival temático (porém abrangente) que tem por missão mostrar alguma da melhor música electrónica a ser feita hoje em dia. Com o critério aumenta também o equilíbrio da qualidade e anulam-se alguns tratamentos diferenciados. É por isso possível, logo no primeiro dia de Neopop, ver Rui Vargas (um dos nossos históricos) no mesmo palco de John Talabot (nome especialmente badalado), ou Dexter e Sensible Soccers ao vivo no mesmo Antistage em que actuará a imparável Magda.

 


[RICHIE HAWTIN]

Richie Hawtin chega ao Neopop na merecidíssima condição de Deus do techno. Esse não é um estatuto que possamos atribuir levianamente, mas existirá outro que descreva melhor um produtor que, há mais de vinte anos, nos oferece leituras impressionantes do techno de Detroit e além? Hawtin mexe as mãos em clubes de dança, por esse mundo fora, e as reacções positivas são praticamente unânimes. Há uns bons anos vi-o a tomar de assalto o Sónar como se aquilo fosse tudo dele. Lógico. Nada deve impedir que o mesmo aconteça no dia de 6 de Julho, quando Richie Hawtin chegar ao Neostage, numa noite inteiramente curada pela Red Bull Music Academy (que, entre outros, contará também com Ben UFO, Fatima Al Qadiri e um live set dos sempre imprevisíveis HHY & The Macumbas). Recorde-se que no final do ano passado Richie Hawtin reuniu os seus diferentes disfarces (incluindo Plastikman e F.U.S.E.) em From My Mind to Yours, álbum que marca o regresso do produtor à criação de nova música, depois de uma temporada essencialmente dedicada a DJ sets. Reparem em como a capa deste novo disco invoca o futuro distópico do filme THX-1138. Isto vai ser intenso.

 


[DONATO DOZZY]

Apesar da sua aparência discreta (óculos de nerd, patilhas na medida certa), Donato Dozzy é um dos mais fascinantes e imprevisíveis produtores a ter surgido nos últimos dez anos. Dizemo-lo sem receios. Bem o merece, na verdade, nem que seja pela forma refinadíssima como trata o techno em discos mais virados para a meditação ambient, como outros directamente apontados à agitação e explosão necessárias numa pista de dança. Donato Dozzy optou por nunca focar-se num só registo e é precisamente por isso que devemos estar especialmente curiosos por ouvir o que vai trazer ao Neopop. A essência da música do produtor italiano é demasiado psicadélica para que possa ser prevista com facilidade. Entre os discos mais capazes de representar o seu génio, há um Donato Dozzy Plays Bee Mask que reconfigura Vaporware (peça-chave de Bee Mask) distribuindo por loops as diferentes nuvens passageiras de música estranha do original. É bem provável que Dozzy assegure um dos pontos altos do Neopop.

 


[ALFREDO MAZZILLI]

Já sobre Alfredo Mazzilli não sabemos assim tanto, contudo é também italiano (temos aqui nova vaga?) e aos poucos vai encontrando o seu espaço no cenário do techno. Sobe ao Antistage no mesmo dia que o seu compatriota Donato Dozzy (5 de agosto). Apesar de ainda não dispormos de um retrato bastante definido de Mazzilli, o presente ano serviu já para que encontrássemos o seu nome num par de EPs – Enchanted Pathways e Invisible Entity – feitos de um techno esmagador e por vezes claustrofóbico e psicótico (na linha do material mais pesado da L.I.E.S. de Ron Morelli). Escutamos “No Way Out”, do mais recente EP lançado na Weekend Circuit, e parece que estamos eternamente presos num inferno nocturno algures entre as estéticas de Substance e Container. Alfredo Mazzilli pode muito bem ser uma das revelações do Neopop.

 


[LOCALIZAÇÃO]

Apesar de tudo o que Lisboa e Porto oferecem, romper por vezes com essa bipolaridade não só é saudável como também excitante. Ao já conhecido slogan turístico, acrescentamos agora outro semelhante: vá para fora das duas grandes cidades cá dentro. Viana do Castelo, a localização do Neopop, merece efusivos elogios de quem lá passa e, numa curta sondagem, ficámos a saber de uns poucos pontos de referência para encantar o estômago: o clássico Santoinho, a Tasca do Necas, as bolas de Berlim do Natário. Haverão outros por descobrir certamente. Ninguém volta insatisfeito daquelas paragens.

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