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Publicado a: 29/12/2017

Branko: Enchufada com “garras afiadas” para 2018

Publicado a: 29/12/2017

[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [FOTO] PLUMA

Não podíamos deixar que a novidade trazida por Dino D’Santiago ficasse pelas linhas que transcrevemos. Uma festa da Enchufada no B.Leza? Chama-se Lisboa Crioula e uma das primeiras a dançar por lá foi a Madonna? “Quem quer festa sua-lhe a testa”, como se costuma dizer, e por isso fomos conversar com Branko sobre o assunto. A residência da Enchufada no espaço do Cais do Sodré é real, não se chama “Lisboa Crioula” e vai acontecer todos os meses a partir de Fevereiro, garantiu o patrão da label.

Porém, há muito mais a acontecer em 2018 para Branko e a família que tem vindo a crescer. João Barbosa garante até que a Enchufada “está de garras afiadas” e com trabalhos prontos a sair nos primeiros quatro meses do ano. Adiantou-nos que no dia 9 de Fevereiro vai lançar uma música assinada por si e por KKing Kong – que em 2018 passará a assinar como PEDRO. Mas podem acrescentar os de Dengue Dengue Dengue, Dotorado Pro, Mina e PEDRO com Rincon Sapiência à lista. O próximo ano trará também a Enchufada no Maus, residência da label no Porto, e a repetição do que aconteceu no Estúdio Time Out em Outubro de 2017, a Enchufada na Zona. Para Branko, há ainda a participação no álbum de Dino D’Santiago, trabalho que diz estar “super coeso e interessante”. Clube Atlas, programa para o qual trabalhou durante todo este ano, também estreia na RTP. 2017 “foi um ano de preparar muito o que vai acontecer agora nos próximos tempos”, sublinha.



Dino D’Santigo referiu na entrevista que deu ao Rimas e Batidas que a festa que organizaram para a Madonna no B.Leza, a que chamaram Lisboa Crioula, se iria tornar num movimento da Enchufada. Não podíamos deixar escapar esta informação. O que vem aí?

[risos] É assim, o Dino convidou-me para juntar algumas pessoas, alguns DJs, e ele também chamou alguns dançarinos, eu chamei alguns dançarinos. No fundo, juntámos uma turma de pessoas um bocadinho naquela de mostrar à realeza [risos] Madonna no fundo um pouco do que é que soa um club, já que ela não pode ir a um club normal – seria esquisito chamá-la para ir ao Musicbox à uma da manhã ou algo do género, acho que seria complicado. O que se tentou fazer foi um bocadinho recriar de alguma forma a música, o que é que acontece e porque é que Lisboa soa diferente do resto do mundo todo, até em termos de música electrónica. Foi um bocadinho dar essa coordenada geográfica musical e acrescentá-la ao dicionário da Madonna. E acho que foi interessante. Confesso que como estava um bocado escuro nem me apercebi muito bem. Toquei uma hora. Estavam várias pessoas, foi tipo um get together — às vezes estas coisas são complicadas de gerir em termos do que é a expectativa das pessoas ou não, do que ficaria melhor ou pior —, acho que funcionou super bem. Obviamente que também quando a música soa bem e as pessoas gostam de dançar as coisas acabam por correr bem organicamente.

Foi uma noite então fechada ao resto do público?

Sim, foi uma noite preparada só para ela.

Essa ideia que o Dino levantou, de que essa festa passaria a ser recorrente, é verdade? A Enchufada está a organizar mais “Lisboa Crioula”?

Se calhar ele está a juntar uma série de coisas porque na realidade, e isto ainda não foi anunciado, mas será anunciado em breve, vamos começar em 2018, em Fevereiro, uma noite da Enchufada no B.Leza. Não se vai chamar Lisboa Crioula, vai ter o seu próprio nome, vai ter a sua própria dinâmica e obviamente que é para celebrar aquilo que já temos vindo a celebrar na nossa vida, desde as Hard Ass Sessions, até à Enchufada na Zona, todas essas coisas sempre com música electrónica de beats da lusofonia.

Em 2018 acabam alguma dessas noites de residência da Enchufada? As Hard Ass Sessions no Lux, por exemplo?

Para já, as Hard Ass Sessions no Lux estão paradas. Existe a ideia de fazer uma ou outra coisa, um ou outro evento mais específico em datas específicas, mas enquanto uma residência com um cariz regular vai deixar de acontecer. O foco em termos de residência vai passar para esta noite no B.Leza que vai começar em Fevereiro e será mensal. Depois continuamos também no Porto com a noite no Maus Hábitos que vai começar a chamar-se Enchufada no Maus.

Vai continuar Enchufada na Zona?

Sim. Enchufada na Zona foi no fundo uma aventura que se fez ligada à compilação que lançámos em julho e ao programa de rádio da NTS. Acabámos por fazer um evento e esse evento é uma coisa que vamos tentar repetir em 2018. No seu devido tempo falaremos disso, mas será sempre um evento de pós-verão.

Já que estamos a dias de fechar 2017 e é época de balanços, como foi o teu ano?

2017 foi um ano super diferente e acho que tenho de falar deste sempre em relação com 2018 porque basicamente foi um ano muito de preparar coisas diferentes e que ainda vão acontecer. Foi um ano em que viajei muito, mas mais por razões que não são as mais normais. Não foi para ir tocar, mas viajei porque estou a preparar um programa de viagens musicais para a RTP — que irá estrear também algures no início do ano, ainda não temos data fixa. Vai chamar-se Clube Atlas e está já tudo super alinhado. São oito programas, cada um gravado no seu sítio, portanto passei bastante tempo fora para trabalhar nisso. E também passei muito tempo fora a fazer sessões de gravação com vocalistas, produtores, músicos e tudo isso porque também estou a preparar música nova para o próximo ano. No fundo, 2017 foi para mim um ano de tocar e de fazer muitas coisas, mas também foi um ano de preparar muito do que vai acontecer agora nos próximos tempos.

E em 2018 tens então esses trabalhos a acontecer, o trabalho com o Dino D’Santiago também…

Fazendo o parênteses sobre o Dino, fui super sortudo. Aterrei no projecto já o mesmo estava super avançado e muito bem avançado, a soar muito bem. Basicamente entre conversas – eu, o Dino, o Kalaf e o Seiji — chegámos à conclusão de que o trabalho estava só a precisar de uma ou duas coisas a virem um bocadinho de um universo diferente, que conseguissem romper um bocadinho. O disco, do que já tive oportunidade de ouvir, está super coeso e super interessante. Vai ser mesmo daqueles discos que vai agradar de 8 a 80, tem tanto músicas de que todas as pessoas vão gostar como tem aquela ideia de um disco como já não se ouve há muito tempo. Nesse sentido coube-me a mim a tarefa mais fácil que foi chegar no fim e desarrumar um bocadinho a casa, do tipo “e se neste quarto pintássemos um bocadinho de cor-de-laranja”. Acabei por chamar o Pedro Maurício, o Kking Kong. Ele acabou por contribuir para a produção de uma e fizemos outra de raiz, todos juntos, uma coisa totalmente nova.

Depois, como referi, vou ter o Clube Atlas na RTP. Temos esta noite que vai começar no B.Leza, também a noite no Maus Hábitos. Tenho uma música nova a sair no dia 9 de fevereiro.

Podes adiantar algo sobre essa música?

Vai ser um single. Eu vou ter um ano em que a minha ideia é mesmo pôr músicas cá fora, no fundo uma adaptação aos tempos em que cada vez faz menos sentido aquela ideia do disco — faz, mas em determinadas circunstâncias —, então a minha ideia é mesmo criar uma sucessão interessante de músicas e ir alimentando e guiando as pessoas por uma viagem que em vez de ser feita em 45 minutos de música seguida, será uma viagem que se calhar vai sendo feita uma vez de dois em dois meses ou uma vez de três em três meses. Preparei músicas que agora vão seguir um certo ritmo de lançamento e a ideia é ter sempre algo novo na rua. Esta primeira é um tema experimental que fiz com o Kking Kong – também é interessante, ele vai mudar de nome e no início do ano vai ficar a chamar-se só Pedro, nome artístico, por questões complicadas de copyright do filme e de coisas do género. Vai ser um tema instrumental a atirar para a pista de dança.

A ideia para essas músicas lançadas de dois em dois meses será depois compilá-las num trabalho físico?

É capaz, ainda não tenho sinceramente uma ideia. A minha ideia é sempre que haja uma tentativa de evolução orgânica das coisas, o máximo possível. Eu vivo muito nos dois mundos, no mundo de tentar transformar toda a linguagem em que nós trabalhamos, e que é muito de pista de dança, em canções e também gosto muito das coisas no seu formato raw, mais cru e os beats pelos beats. Não me importo dos beats que só fazem sentido para quem é DJ e para quem está a tocar numa noite ou a ouvi-los numa noite. A minha ideia é um bocado a de arranjar uma forma o mais orgânica possível de ir tentando estar presente nos dois sítios. Acho que é uma questão de ir apalpando terreno e sentir a reacção das pessoas e ir crescendo com tudo o que está a acontecer com a música e todas as pessoas que estão a fazer música à nossa volta. O ano vai ser super interessante também a nível de lançamentos prontos, pelo menos os primeiros quatro meses em termos de Enchufada vão ser muito fortes. Está tudo com as garras afiadas, está uma emoção acima do que é normal no ar.

Que trabalhos são esses nos primeiros quatro meses do ano?

De Dengue Dengue Dengue será um EP para final de Janeiro. Dotorado Pro vai lançar temas soltos. Da Mina sairá um single com a participação do rapper Omo Frenchie, que não tem data fechada ainda. PEDRO (fka Kking Kong) com Rincon Sapiência também deverá ser lançado um single, a data ainda não está fechada. A faixa de que falei, que sairá dia 9 de Fevereiro, é com o PEDRO e vai chamar-se “MPTS”.

Falavas anteriormente de garras afiadas para 2018, mas que apreciação fazes de 2017? Não só da Enchufada, mas de todo o panorama da música nacional, o que é que foste ouvindo e gostaste mais e menos?

O que gostei menos foi perder pessoas, perder músicos e pessoas que são referência da cena musical nacional e internacional. Mas sinto que, em termos de música, fez-se muita coisa interessante e com muita diversidade musical. Gostava de destacar os novos discos de Slow J — vi-o em vários sítios como álbum do ano e confesso que deve ter sido das primeiras vezes da minha vida em que concordei com a escolha do ano das publicações —, e destaco também o Fitxadu da Sara Tavares. A nível internacional, o 1804 do Kelman Duran e o Mzansi Beat Code do Spoek Mathambo. Acho também que cada vez mais estão a acontecer eventos interessantes que puxam por um lado mais nacional e isso acaba por trazer não só uma capacidade de reciclagem de projectos, mas também instiga a necessidade de criação de música, de música original, de música nova — o que cria uma ambição nos produtores, nos rappers, nos cantores, em toda a gente. Outro aspecto a salientar de 2017 é o crescimento de uma plataforma como o Spotify, que veio no fundo, através da democratização da música online, incentivar artistas mais pequenos a conseguirem trabalhar no seu perfil e na forma como apresentam a sua música às pessoas. E de uma forma que até hoje, numa plataforma tão comercial, não estava disponível.


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