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Publicado a: 31/03/2016

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[TEXTO] Amorim Abiassi Ferreira

O criador do infeccioso “Harlem Shake” lança finalmente o seu primeiro álbum, Aa. Nunca repetitivo, o artista divide o trabalho em duas metades, chamando nomes de peso a participar na segunda parte e levando o disco a outro nível. Um lançamento que vai buscar inspiração a vários lugares do mundo e a diferentes géneros musicais.

Para nosso bem, o meme ficou para trás, mas antes disso mudou a forma como o Billboard funciona. Passaram quatro anos, neles foram lançados remixes, colaborações e faixas a solo. Do incrivelmente elegante remix de “Winter Is All Over You” à percussão de timbre oco de “One Touch” e ao swing oriental de “Clang“. O resultado da espera pelo trabalho soma-se num LP de 33 minutos, um tempo reduzido que não é permissivo a falhas.

A primeira letra do alfabeto e a primeira letra do nome do produtor “Aaron” formam o nome do disco. Se este é curto, pelo menos não comete o pecado capital de se tornar repetitivo em muito pouco tempo. Os pontos altos estão marcados em “GoGo!”, com o seu trovejante synth que marca o começo com potência. “Sow“, com o seu sample do “Funk das Antigas“, que infecta com uma atitude tropical ao ritmo de trap e um final que me fascina. Estarei mesmo a ouvir as notas do Tetris? “Day Ones”, que inaugura a segunda metade do disco, onde os beats abrem espaço a vozes. Tubas distorcidas rebentam enquanto Novelist e a novata promissora Leikeli47 atacam ferozmente os versos da faixa. “Way From Me”, com as suas duas notas dissonantes repetidas, a meio transforma-se num UK garage descontraído adornado com a voz de Tirzah. No final, “Kung Fu” que tem Pusha T e Future, duas das personalidades mais inevitáveis do hip hop deste momento, sobre uma cama de produção que complementa no ponto as suas vozes. Um refrão mais catchy tê-la-ia tornado uma das músicas do Verão de 2016.



Em entrevista, o produtor admite que quer dedicar mais tempo a produzir rap. E é de facto nesses momentos que o álbum brilha mais, quando se afastam os samples de voz para completar as músicas e entra a participação de um convidado. Baauer trabalha bem em colaboração, atingindo maior elasticidade no seu som quando o molda a pensar em quem irá cantar nele. Um álbum curto, onde cada música menos conseguida pesa bastante, mas que ainda assim coloca Harry Bauer Rodrigues num território a quilómetros do hit viral que lançou a sua carreira.


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