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Publicado a: 21/06/2017

Amaral: “Esta resistência dos media tradicionais à realidade é algo que sempre achei hipócrita”

Publicado a: 21/06/2017

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados

Chama-se Amaral, baseia-se actualmente na Linha da Azambuja, mas já passou por muitos bairros com os problemas do costume”. A antecipar uma estreia de maior substância com o EP Últimos Dias, eis que chega agora “Não Dá”, uma manifesto de dedo espetado na realidade que inspira algumas perguntas de apresentação aqui no ReB.

 


Fazes-nos um resumo do teu percurso até aqui?

Venho do Miratejo onde comecei a rimar quando conheci o Sandrayme dos Swimmers em 97-98. Depois mudei-me para a Amora e, anos mais tarde, para a Linha da Azambuja onde gravei a primeira mixtape produzida pelo Seth Beatoques e o Wasted. Tiros de Aviso em 2010 e Steven Seagal em 2013.

Já tinha ouvido o teu nome mencionado pelo Holly Hood: alguma ligação à Superbad a ser cozinhada? O produtor do “Não Dá” costuma pisar o palco com ele, certo?

Ya, é o Stone Jones. Ele é da mesma crew do Holly Hood. Em relação à ligação com a Superbad, o EP vai ter uma produção do Stone e outra do Here’s Johnny.

A tua base fica na Linha da Azambuja? Queres falar-nos de onde vens?

Já morei em vários sítios. Sou um bocado de todo lado. Na Linha, morei em Alverca e na Póvoa; na Margem Sul [morei] no Miratejo e na Amora . São zonas com a correria de sempre e os problemas do costume.

Reuniste algum pessoal que tem dado cartas no teu vídeo, Landim, Fumaxa, Chyna. Como é que isso aconteceu?

São artistas que já conhecia há algum tempo e que representam o que descrevo no som. São artistas a que, na minha opinião, os media tradicionais não dão uma relevância proporcional à influência cultural que eles têm na geração actual.

Este som antecipa um EP, Ultimos Dias, que pretendes lançar em Agosto. Que nos podes adiantar sobre o EP?

Ultimos Dias é o meu primeiro EP que vai ser produzido pela produtora independente UTB (Under The Bridge). São teorias e conclusões sobre o que vejo e o que vivo. A minha perspectiva sobre a minha própria vida e outras.

Dizes coisas muito fortes em “Não Dá”: para quem sentes que estás a falar?

Acho que se pode dizer que há dois destinatários principais nesta faixa. Em primeiro [lugar], os media tradicionais e, em segundo, as pessoas que nunca questionaram se a recompensa pelo seu trabalho é justa.

Os media tradicionais porque evitam sempre difundir, informar e documentar a arte produzida por uma certa parcela da sociedade. Ignoram a influência que a mesma tem, e deixam para ela própria esse trabalho de difusão, informação e documentação, que até tem sido bem feita com documentários como Raiz do Rap Tuga e, mais recentemente, Pôr a Minha Vida no Teu Ouvido. Percebo que no início o rap era algo que só nos interessava a nós, mas acho que hoje em dia o panorama mudou e esta resistência dos media tradicionais à realidade é algo que sempre achei hipócrita.

E aos que nunca se questionaram, deixo a minha perspectiva sobre a divisão da riqueza gerada pelo trabalho em geral.

 


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