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Publicado a: 08/02/2017

A$AP Ant: “É um público novo: é preciso entrar com força e dar tudo – sangue, suor e lágrimas!”

Publicado a: 08/02/2017

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Direitos Reservados

 

A$AP Ant está em Portugal para duas apresentações ao vivo: hoje, quarta-feira, subirá ao palco do Titanic Sur Mer numa noite que contará ainda com DJ set a cargo de Mike El Nite e as presenças de Chyna e Fumaxa; amanhã, quinta-feira, será a vez do homem que é parte da A$AP Mob se apresentar no Porto, no Hard Club, numa noite que incluirá igualmente apresentação de Mike El Nite.

O Rimas e Batidas cruzou-se em Lisboa com um A$AP Ant visivelmente deslumbrado, que começa agora a viajar graças à sua música e que parece decidido a absorver o que o mundo tem para lhe oferecer: “vou aproveitar até ao último momento”, garante-nos o rapper, referindo-se às experiências que a música lhe tem vindo a proporcionar. Sobre os concertos, e consciente de que se trata de um novo público num novo país, este que ele precisa de conquistar hoje e amanhã, Ant explica a fórmula: “vou entrar em palco cheio de força e dar tudo. Há que deixar tudo no palco, sangue, suor e lágrimas!”

 


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Ant é natural de Baltimore e em conversa sobre a cidade que serviu de cenário à fabulosa série de televisão The Wire explicamos-lhe que Lisboa tem um famoso residente de Baltimore, Panda Bear, homem dos Animal Collective – “nunca ouvi falar desses tipos, mas um shout out para eles…”; “Baltimore é como qualquer outra cidade dos Estados Unidos, tens o gueto, tens os subúrbios, a cidade tem a sua pequena vibe, a sua própria cultura. Mas não é um sítio onde se queira ficar para sempre. A minha cena com o rap é ser global, não me interessa ficar limitado a essa cidade. Não estou interessado em ser o melhor rapper de Baltimore. O que me interessa mesmo é que lá olhem para mim um dia e digam – foi ele que fez a nossa cena tornar-se global”. Claro que Ant se refere à carreira, porque em termos de vida pessoal não se vê a abandonar Baltimore em termos definitivos: “Espero um dia arranjar uma casa ao pé do porto da cidade, mas gostava também de poder viver noutro sítio, talvez Los Angeles. A minha mãe está lá, por isso nunca vou deixar de ir lá, mas quero ser global”.

“A Europa”, prossegue Ant, “é muito diferente. Devo confessar que senti um certo choque cultural quando aqui cheguei. As vossas cidades, a vossa paisagem, é tudo muito diferente”, admite o rapper enquanto espreita pela varanda do hotel para a azáfama particular da Avenida Almirante Reis. “Vocês mantiveram esta aura do século XVIII, do século XIX, não transformaram as cidades mandando tudo abaixo. Na América parece que tudo é provisório. Se calhar só em Nova Iorque é que vês edifícios um pouco mais antigos, na baixa, mas é tudo da década de 60 ou algo assim. Não se sente a história”.

“É natural que num sítio destes”, explica Ant, olhando, uma vez mais, para a rua, “os rappers vão rimar sobre o que vêem, sobre o que têm diante dos olhos. Mas se viveres em Atlanta ou Baltimore ou em qualquer outro lugar dos Estados Unidos, a realidade vai ser diferente e as rimas vão ser diferentes. E até a música aqui soa diferente. O grime é uma espécie de trap, mas mais rápido. Eu tenho um som, ‘Coke and White Bitches‘, já de 2011 ou assim, e quando o lancei as pessoas diziam que aquilo soava a grime. Eu nem sabia o que era o grime. Só para aí a partir de 2013 é que comecei a ter consciência”.

“É natural que aqui as raízes musicais tenham a ver com a vossa história. Na América, os produtores samplam cenas, sei lá, tipo a Mary J. Blige ou o Barry White ou algo assim. Esses são as vibes que entendemos. Seria fixe, caso eu ficasse por aqui algumas semanas, poder gravar em cima de música diferente”. Produtores que passem pelo Titanic Sur Mer mais logo ou pelo Hardclub amanhã: metam uns beats numa pen e deixem-nos na mão de A$AP Ant… nunca se sabe!

 


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