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Publicado a: 01/09/2015

7 Dias, 7 Vídeos

Publicado a: 01/09/2015

[FOTO] Direitos Reservados

 

Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?

7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal no terreno do hip hop. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto novo, com tanto por onde espreitar e escutar.

 


 

[HENRY CANYONS] “C’est La Vie”

Sediado em Los Angeles, Henry Canyons presenteou-nos esta Primavera com um álbum, Canyonland, de onde salta este single. Flow arrastado com sotaque, em ambiente jazzy, a pedir para ser tocado num bar acompanhado de whiskey e um cigarro. Nova Iorque como fundo no que toca aos visuais, numa tentativa de retratar as rotinas citadinas de uma cidade que nunca dorme. É assim a vida. Um tema que toca nos vários pontos que preocupam a mente do MC. Trajectos, objectivos de vida, amor… Dos Estados Unidos até França a galope duma sonoridade smooth que nos deixa a desafiar as leis da gravidade, com a vontade de fazer as malas e partir sem destino, com a certeza de que a vida é para se levar de forma boémia.

 


 

[DANNY LOVER] “Young Prime (Prod. 19.Thou$and)”

Um gato preto em rewind, jersey dos Bulls com o número pertencente a Michael Jordan, cesto de basquete já quase sem rede ou a pose inicial de Danny a imitar Jesus na cruz. Tudo isto em tons de roxo, a levar-nos para uma dimensão diferente, como se tivéssemos acabado de consumir purple drank. E é nesta dimensão que Danny Lover se considera um jovem acima da média, no que toca ao rap. Lowlifer por opção, rima sobre um estilo de vida baseado em mulheres, álcool e drogas, sempre com os termos mais engraçados e expressões diferentes do habitual, criando a sua própria linguagem, como tem feito até agora. Num flow lento, quase que a pedir ajuda por estar prestes a falecer, como se fossem estas as suas últimas palavras antes de partir para o céu.

Apesar do suicídio cometido em 3019, 19.Thou$and cumpre o castigo imposto por Will Smith e continua ao lado do MC canadiano no que toca às produções, assombrando em qualquer instrumental onde toca.

 


 

[NXWORRIES] “Suede”

Gil Scott-Heron foi, sem dúvida, um dos nomes que mais contribuíram para o hip hop. Seja pelo facto de se ter arriscado várias vezes no spoken word, que tem uma ligação quase directa ao rap, quer pela quantidade de samples que a sua música ofereceu aos produtores de hip hop como ferramentas cruciais na hora de criar um novo beat. O tema “The Bottle” é, sem dúvida, um dos mais batidos para um beatmaker. Ainda assim, bastou pegar nos acordes iniciais e cortá-los para fazer a colagem em cima de um loop minimal de bateria para dar uma nova vida ao som de um dos grandes nomes da soul. O resultado coloca-nos num ambiente a fazer lembrar os sixties, num rap mais cantado do que falado, que nos faz imaginar como teria sido se Marvin Gaye, por exemplo, se tivesse lembrado de começar a brincar com as rimas e a fazer acrobacias com o flow naquela altura.

Um bom tema para estas tardes de final de Verão, onde a música se funde com as temperaturas e faz soltar energias positivas até nos mais carrancudos.

 


 

[TRELLION FEAT. LEE SCOTT] “BOEY”

Trellion fez questão de iniciar o beat com um excerto de Louis Armstrong, a abrir o caminho para um tema onde se celebra a vida de um boey num mundo maravilhoso. Egotrip desconcertante, como já é hábito por parte dos membros do colectivo Cult Mountain, leva-nos para o lado mais underground do rap feito em Inglaterra. Atitude street do mais cru que podemos encontrar, num flow macabro que parece vindo dos movimentos feitos por um serrote enferrujado a cortar uma peça de metal. Os danos são visíveis.

O single salta do último projecto de Trellion, Lighthouse Tape, que conta com o habitual formato de cassete áudio e também sob a forma de cassete VHS com vários skits e filmagens das gravações. Novas formas de explorar o mercado, trazendo à ribalta suportes físicos mais vintage que nos fazem querer não só coleccionar, mas também voltar a ouvir a música de forma analógica, que começa a fazer cada vez mais sentido nos dias de hoje, quando procuramos sonoridades quentes, e típica, de tais suportes.

 


 

[ELWD] “Tropic TV”

Tropic é o último álbum de ELWD, editado em Julho deste ano, e surge agora em formato de vídeo para a promoção do projecto. “Tropic TV” é basicamente um medley de quatro dos 20 instrumentais que podemos encontrar no BandCamp da editora. Os visuais apontam para um verão trippy. Começamos com “coolout”, que nos deixa as boas vibrações transmitidas pelo coro presente na faixa a fazer lembrar a soul brasileira. “lvlysmile” traz-nos aquela onda soul-pop de Miami dos anos 80, a fazer lembrar alguns dos sons que ouvi pelas rádios do GTA: Vice City, com uma batida mecanizada e teclas fortes misturadas com samples de voz. “nicedreams” tem aqueles riffs de guitarra típicos da soul a que ninguém fica indiferente e acaba com a grande malha de teclas e trompete “u+thesky”. Uma escolha perfeita para as várias ocasiões do Verão: Conduzir de dia num descapotável e saborear a brisa, sunsets acompanhados de caipirinhas ou as noites no clube da praia com as melhores companhias. Há sons para todos os gostos e momentos, é só escolher.

 


 

[ANDY MINEO] Freestyle @ Sway In The Morning

Esta é uma das surpresas desta semana, onde Andy Mineo, um dos MCs mais populares na cena do rap cristão, agarra com unhas e dentes a oportunidade oferecida por Sway Calloway. Poucos esperavam um freestyle deste calibre, que obrigou o próprio Sway a fazer o seu discurso habitual de quando algum convidado o surpreende. “Não venham ao meu show se não estiverem preparados”, mais uma lição dada por um MC que tem vindo a atingir números interessantes no que toca às visualizações dos vídeos que vai publicando via YouTube.

 


 

[VERB T FEAT. ILLINFORMED] “Foggy Eyes”

Tema que serve de abertura para o último álbum desta dupla britânica, The Man With Foggy Eyes, editado este mês. Boom bap jazzístico com uma linha de baixo bem pesada que fica a ecoar nos nossos ouvidos. Ideal para ouvir nos headphones, depois de um dia de trabalho, enquanto apanhamos o comboio que nos leva até casa, finalmente. Para todos aqueles que vêem no meio da neblina e conseguem encontrar-se e definir novos caminhos. Rap com mensagem para nos alimentar o espírito quando o futuro se mostra incerto.

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