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[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados
Muita electrónica que, a certo ponto, se funde com o hip hop neste mais recente update. Da felicidade de KAYTRANADA à melancolia experimentalista de Edgar The Breathtaker. Um par de vozes femininas para dar um outro contraste à coisa e, claro, um panda!
Em 7 Dias, 7 Vídeos, há uma vasta pesquisa pelo mais e o menos óbvio, coleccionando o melhor fruto de cada árvore para o dar a conhecer aos nossos leitores. É um resumo semanal onde o conteúdo nem sempre é mediático, mas tem sempre elevado interesse.
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[DESIIGNER] “Panda”
O rapper de Brooklyn estreou o seu primeiro vídeo, que apesar de não contar com nenhum panda tem a presença do seu actual patrão, Kanye West. Se “Panda” era já um single de enorme potencial, todo o evolvimento de Desiigner com a GOOD Music, especialmente com Kanye no seu último álbum The Life Of Pablo, deu-lhe uma ainda maior exposição mediática. A consequência disso mesmo foi a sua rápida ascensão nas tabelas musicais que se renderam aos jovem americano de 18 anos.
A sonoridade que Desiigner trouxe para o jogo é bastante singular, desde a escolha meticulosa do frenético instrumental do britânico Menace – por 200€!!! – ao flow e à forma como pronuncia as palavras. O vídeo é feito de uma perspectiva bastante diferente do habitual, a captar por várias vezes alguns momentos de delírio do rapper traduzidos em gesticulações estranhas. A inspiração do tema, curiosamente, vem do videojogo Grand Theft Auto V, confessou o MC à Billboard. Não há, para já, nada de novo anunciado por Desiigner, sendo que o jovem de Brooklyn revelou também à Billboard que Kanye West tem sido uma pessoa muito presente no seu dia-a-dia, o que provavelmente poderá indicar que têm estado a trabalhar em algo.
[MAXO KREAM FEAT. JOEY BADA$$] “1998”
Maxo Kream editou a sua aguardada mixtape MAXO 187, recheada de bons traps e future beats servidos com flows rápidos ou brandos, sempre bastante consistentes. Joey Bada$$ é um dos seus convidados de luxo, a par de P On The Boards, produtor da crew A$AP.
“My dick ain’t free, I’ma make a bitch pay” é uma das boas linhas de Maxo neste “1998”, a dar continuação ao mote de “For Free?” de Kendrick Lamar. Como base conta com um bom beat industrial, parecendo sair de uma linha de montagem assistida por robôs.
O vídeo é o clássico cenário de bairro, num registo lo-fi, a acompanhar a crueza da sonoridade do tema.
[NAO] “Fool To Love”
A voz de NAO é uma das maiores promessa britânicas da música electrónica. Este artista engloba nos seus projectos a mistura de vários géneros como o hip hop, a soul de vanguarda e a música de dança. Este “Fool to Love” não é excepção, um tema que funde toda essa mescla à pop, que fala de amor, que vem contracenar com aquilo que se vem a fazer no mainstream. Uma faixa que bebe também muita da água do g-funk na sua possante linha de baixo.
O tema foi distribuido como single e esta é a primeira edição de NAO este ano, tendo já lançado dois EPs nos últimos dois anos que lhe valeram um contrato com a Sony Music.
[ABRA] “COME 4 ME”
Dentro do circuito do trap há uma menina a ter em conta. ABRA dá-nos um curto mas delicioso single já num registo diferente do seu último ROSE. Com mais potência, num beat com um bounce mais pujante e, claro, com a sua doce voz a complementar todo o instrumental. Marca território pelo respeito que impõe nas palavras do que parece ser uma espécie de hook de uma faixa de egotrip.
Nada se sabe acerca do próximo passo que irá dar na sua carreira mas no final do vídeo podemos ler a palavra “princess” escrita. Poderá ser esse o nome de algum trabalho que ABRA esteja a desenvolver.
[KAYTRANADA] “LITE SPOTS”
KAYTRANADA tem um robô como novo amigo. Juntos estão “completamente contentes” e dançam ao som dos cortes retirados de “Pontos de Luz”, de Gal Costa. Esse mesmo sample diz tudo. O produtor americano sente-se a 99,9% e isso traduz-se na sua música. É o segundo single do álbum e sucede a “GLOWED UP”, que conta com a participação de Chance The Rapper. Todo o alinhamento varia entre o instrumental e o rap, dando uma orgânica bastante singular no decorrer da tracklist. Era um dos produtores que eu mais ansiava pelo lançamento de novo trabalho e 99,9% está realmente muito perto de 100%. Um dos álbuns do ano provavelmente.
[JMSN] “Fuck U”
Como dizia há umas semanas atrás, JMSN faz-me lembrar o Justin Timberlake, provavelmente com um lado mais irreverente. Neste novo tema ele ajusta as contas com a sociedade pela rua perguntando “what the fuck are you talking about?” rodeado sonicamente por uma boa camada de instrumentos que fazem deste “Fuck U” uma espécie de balada de um renegado em protesto. A vizinhança não se parece importar muito mas, a mim, o trajecto de JMSN tem-me captado a atenção pelo trabalho interessante e bem estruturado a nível de banda.
It Is Já se encontra disponível para stream e venda.
[EDGAR THE BREATHTAKER] “Live @ Boiler Room Londres”
King Krule, Zoo Kid, Edgar ou como lhe quiserem chamar… Este é um rapaz britânico que eu acompanho desde os seus primeiros singles com vídeo, onde cedo demonstrou a sua tendência experimentalista dentro do circuito indie. Ultimamente editou com o nome de nascença, Archy Marshall, o bem recebido A New Place 2 Drown e surge agora com este novo alter ego para mostrar ao público aquilo que ele diz ser: “algum lixo electrónico que eu fiz.” E esta ida ao Boiler Room serviu para isso mesmo, como uma montra para o jovem Archy expor o seu belo trabalho que eu espero se venha a converter num novo álbum.
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