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Publicado a: 13/12/2015

7 Dias, 7 Vídeos

Publicado a: 13/12/2015

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

 

Dezembro já se encontra bem presente nas nossas cabeças e, como tal, já muito se fala em listagens e prémios. A semana foi bem aproveitada por The Weeknd, um nome que vamos certamente ver em muitas dessas listas, que lançou novo vídeo para dar continuidade ao seu momentum. Felizmente, e como acontece sempre por aqui, The Weeknd não é dono e senhor da semana, tendo com ele candidatos de peso a surgir com novo material. Jidenna e Asher Roth deram sinais de vida, com o primeiro a atirar-se a um single arrojado, capaz de fazer tremer algumas posições que estejam ainda menos cimentadas no patamar do trap. NxWorries e L’Orange & Kool Keith trouxeram a orgânica da soul em novos singles, como já é habitual por parte da Stones Throw e da Mello Music Group, respectivamente. E ainda um par de surpresas de Caskey e Genesis Elijah.

Em 7 Dias, 7 Vídeos, há uma vasta pesquisa pelo mais e o menos óbvio, coleccionando o melhor fruto de cada árvore para dar a conhecer aos nossos leitores. É um resumo semanal onde o conteúdo nem sempre é mediático mas é de elevado interesse.

 


 

[JIDENNA] “Long Live The Chief”

Olhos postos em Jidenna, o “Classic Man” da Wondaland, que fecha o ano de 2015 com um bom novo single. É reconhecível a influência de Drake neste tema, em especial no hook, com um flow e entoação semelhantes aos do MC canadiano. Não ao ponto de se tornar uma tentativa de cópia. “Long Live The Chief” é muito mais do que isso. É um grito de afirmação, um egotrip que prima pela escolha de palavras, numa clara tentativa de mexer as águas nesta recta final do ano em que se começam a apontar possíveis nomes para vencer listas e prémios. Jidenna não é, logicamente, cabeça-de-série nesse campo. Mas podemos tê-lo em conta no grupo de revelações deste ano dado os feitos alcançados.

O rapper de Wisconsin conseguiu manter o elevado nível de “Classic Man” com este novo vídeo. Um feito notável, tendo em conta a falta de um projecto a solo, já que o tema pertencia ao EP de estreia da Wondaland que serviu para juntar os seus artistas numa breve compilação. “Classic Man” ultrapassou a casa das dezenas de milhões de plays, tendo mesmo chegado ao universo próximo de Kendrick Lamar, que fez questão de entrar na remistura do tema. “Long Live The Chief” já leva um bom arranque no que toca aos números e não surpreende que continuem a subir.

 


 

[ASHER ROTH FEAT. BUDDY] “Rap Hands (Prod. Fela)”

Asher Roth adiciona mais um single na sua série de edições Hash Wednesday. “Rap Hands” é um tema que foca os gestos feitos com as mãos pelos MCs, que muitas vezes recorrem ao uso de outros membros do corpo para dar mais expressividade às palavras que empregam no instrumental. O uso das mãos na comunicação é um ponto muito forte que nos ajuda a encontrar um equilíbrio entre o que estamos a ouvir e o que estamos a ver. Tão importante que, com elas, conseguimos fazer um enorme número de gestos diferentes com os mais diversos significados. As possibilidades aumentam ainda mais se pensarmos na própria linguagem gestual e na sua importância para a sociedade em que vivemos.

Asher Roth tem vivido nos nossos leitores de MP3 apenas em temas soltos, sendo que RetroHash, o seu último álbum, foi editado em 2014. Por entre as faixas em que o ouvimos este ano contam-se produções de Black Milk e Blended Babies e ainda uma participação num tema Anderson .Paak que tem feito um percurso interessante no presente ano.

 


 

[NXWORRIES] “Link Up”
(Link Up & Suede, Stones Throw)

O projecto que junta Anderson .PaakKnxwledge mereceu destaque nesta coluna semanal aquando da sua estreia. Para muitos o nome de .Paak era ainda desconhecido e é agora que, fazendo contas à vida, damos por nós em frente a uma estrela em clara e rápida ascensão. Knxwledge é um beatmaker fantástico, dono dos instrumentais da dupla NxWorries, que marcam os nossos ouvidos com grooves muito orgânicos carregados de soul. Quase nem damos pelo facto de estarmos a ouvir música que é feita através de máquinas. Já Anderson é dono de uma voz muito singular no campo do hip hop e da nova soul e carrega com ele agora um enorme peso, que é a responsabilidade de ser um dos nomes a que rapidamente associamos a Dr. Dre, homem que o colocou definitivamente no mapa dada a sua aparição no tão esperado Compton: A Soundtrack By Dr. Dre.

 


 

[THE WEEKND] “In The Night”
(Beauty Behind The Madness, Republic Records)

The Weeknd e Drake têm vários pontos em comum. Ambos são canadianos, jovens e estão a tornar-se cada vez mais em ídolos pop que certamente serão recordados por muitos anos. O cantor de Toronto chamou a minha atenção quando foi convidado para o refrão de “Gifted” de French Montana, na altura um dos singles de Excuse My French. Fica na cabeça a possível ideia de como seria Michael Jackson se tivesse nascido nos anos 90, rodeado de hip hop e electrónica. Mas por outro lado, se Michael Jackson não tivesse nascido na altura em que nasceu, certamente que Abel Tesfaye não estaria aqui. Ou, se estivesse, não soaria exactamente desta forma. A influência do rei da pop é notória. Neste caso até no conceito do vídeo que, tal como a faixa, vai buscar toda aquela adrenalina e sensualidade dos clássicos filmes de acção dos anos 80.

“In The Night” é um tema com cabeça, tronco e membros. Vem do mais recente Beauty Behind The Madness, álbum marcante da voz canadiana que certamente terá uma palavra a dizer na próxima edição dos Grammys. A carreira de The Weeknd pode, e deve, ser aprendida através do generoso ensaio que disponibilizámos aqui.

 


 

[L’ORANGE & KOOL KEITH] “The Green Ray”
(Time? Astonishing!, Mello Music Group)

A dupla L’Orange & Kool Keith trouxe uma abordagem original ao mundo das rimas e das batidas. É como um daqueles filmes sci-fi de efeitos arcaicos com uma banda sonora que pede uma mãozinha à soul na escolha dos samples. Tudo isto trabalhado para parecer algo decadente e monótono. É como se cada tema fosse o último. Como se o nosso rádio a pilhas estivesse prestes a falhar-nos o som a qualquer momento, já a emitir alguns ruídos que assinalam a vinda do seu último dia. Ainda assim caímos na armadilha e ficamos presos às baixas rotações do flow e do instrumental, que não apontam nem para o futuro nem para o passado. Vivem na tranquilidade do ‘agora’ de quem faz disto arte e ciência. Experimentando. Sem medo.

 


 

[CASKEY] “DPWM”
(Black Sheep 2, Cash Money Records)

Don’t play with me“. É esta frase que o protegido de Birdman quer que as pessoas que o rodeiam mentalizem no novo single. Um dos talentos mais promissores da Cash Money solta assim mais um tema da sua bem recebida mixtape Black Sheep 2. Trap e bass music, em registo lento, marcado pelo desdobramento de flows que se articulam meticulosamente por entre os restantes elementos do tema.

 


 

[GENESIS ELIJAH] “Homicide”
(Homicide (single), self-released)

Depois de um quádruplo EP o ano passado, Genesis Elijah soma mais uma edição em 2015, após B Sides & BootlegsDestaca-se no hip hop britânico desde o inicio do século e já trabalhou com gente Rodney P, Guilty Simpson ou Royce Da 5’9″. “Homicide” junta o dubstep e o grime aos elementos mais actuais do trap, fazendo justiça aos géneros musicais que o seu país viu nascer, dando a sua contribuição para a evolução da espécie nesta abordagem.

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