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Publicado a: 23/07/2015

5 motivos para rumarem a Barcelos e fazerem parte do Milhões de Festa

Publicado a: 23/07/2015

[TEXTO] Joaquim Quadros

 

Entre lendas, miniaturas, cartadas pertinentes, tiros no escuro e muito risco, o Milhões de Festa vai-se distanciando de redundantes pontapés nas programações de festivais. Uma linguagem pode comunicar várias línguas, é o que defendem. Se o metal, o techno, a cumbia e o hip hop são feitos por essa comunidade una, global, então juntá-los num cartaz é o que faz realmente sentido. Uma espécie de critério pautado pelo desrespeito aos padrões. Chamar-lhe festival é uma simples terminologia porque quem lhe pertence e o conhece, é sabido que a proporção é bem maior que essa. Em jeito de 5a edição, a confirmação de um ciclo, vamos apostar em 5 nomes atraentes deste cartaz.

 


 

[MATIAS AGUAYO]

Não é ao acaso que chamou ao seu último disco The Visitor. Ainda assim, Matias Aguayo, chileno exilado em Berlim, é mais do que um mero visitante. Produtor-talento de Santiago, fundador do catálogo Cómeme, empenha-se na missão de quebrar paradigmas. A música, para si, faz-se a partir de matrizes universais e de uma fusão desregrada de culturas. O house pode ser tanto tropical como a new wave pode ser revestida de ritmos africanos. Odisseias sonoras com o mundo inserido dentro, em rapsódias ambivalentes próprias para clubes ou festivais. Uma das personalidades mais ecléticas da música electrónica actual chega a Barcelos. Que privilégio!

 


 

[BRANKO] 

Mais um músico sem perímetros geográficos. As suas barreiras são precisamente as que traça através da ausência delas. Dancehall, R&B, dubsetp, kuduro, zouk bass e por aí fora, são tudo géneros que casa com eficácia na sua produção. O que herdou da Cooltrain e de Buraka Som Sistema, durante mais de uma década, encaixou-se com a sua avidez pela descoberta. Diferentes beats, samples, vocais, graves, em simbiose numa exploração global harmoniosa, terão o seu resultado mais ambicioso em Atlas, o disco que lança em breve, gravado pelos 5 continentes.

 


 

[TIAGO]

Precisamente por nem precisar de usar o apelido (Miranda), percebe-se da força que tem a associação do seu nome ao underground do clubbing de Lisboa. A Interzona 13 é selo de qualidade para o seu próprio material e para quem recruta para edições. Em termos de produção nunca se conformou a expressões estanques, fazendo tanto do house como do techno, ferramentas que domina com mestria. Expande-se nas suas diferentes formas e foi já alvo de fé por parte de editoras como DFA, Golf Channel, Jolly Jams, entre mais cobiçadas casas. Como culminar físico de toda a sua sabedoria, olhemos para residência que tem no Lux e a importância para a programação. O Milhões, mais uma vez, a surpreender.

 


 

[YONG YONG]

Uma identidade sonora que navega longe dos holofotes. Estes portugueses sediados em Glasgow, Francisco e Rudolfo, atiram-se confortavelmente para fora de pé na hora de criar ambiências bizarras. Nas entrelinhas do corte e costura caótico cabem beats tântricos aproximados de um UK garage pirateado. Retalhos crus de uma hipnose cerebral que tem consciência para saber dançar quando é preciso. Nunca o industrial soou melódico, até aqui. Na piscina Ginga Beat, interpretarão Love e Greatest It’s para plateia que vai parar de nadar para os contemplar. Aquilo é demasiado estranho para saber mal.

 


 

[THEESATISFACTION]

Numa entrevista recente disseram-me que toda nova música é como o jazz, “tem momentos de liberdade que podem partir para qualquer direcção”. No universo que criaram em EarthEE, Stas e Cat, a dupla americana THEESatisfaction, foi isso que fizeram e olharam bem para cima na altura da composição. Sun Ra, Erykah Badu, entre outras inspirações, fizeram-nas pensar o hip hop de uma forma mais cósmica. A visão estendeu-se para uma soul atmosférica próxima de um futuro desconhecido. O que tinham já explorado em awE naturalE, o primeiro disco, foi um brilhante prenúncio para este novo terreno. Groovy, sexy e abundante na classe. Tocam no segundo dia de festival, entre as bandas Cosmic Dead, psicadélica kraut endiabrada, e Deerhoof, veteranos do caos-garage californiano, e mais uma vez isto faz todo o sentido.

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