[TEXTO] Amorim Abiassi Ferreira [FOTO] Diogo Batista
2016 foi um ano tumultuoso em muitas perspectivas. Contudo, no hip hop e r&b sente-se um crescimento cada vez maior, tanto no número de espectadores, como no repertório de artistas e criatividade exibida a cada lançamento. O que define uma música que tenha entrado para esta lista? Uma mistura de popularidade (neste caso medida pelos views de Youtube) e depois ordenada pela minha opinião pessoal. Obviamente há imenso que esta lista não inclui, mas se tivessem de explicar a alguém a que soou 2016 no mundo do hip hop e r&b, este seria um bom lugar para começar.
[Valas] “As Coisas”
Após assinar com a Universal, Valas lançou o seu primeiro single com a major. Desde então, duvido que alguém tenha ligado a rádio sem ouvir “As Coisas.” O beat é assinado por Lhast.
[Dengaz feat. Matay] “Tudo Muda”
Continuando no universo do pop-rap, temos Dengaz. “Tudo Muda” foi um single que encaixou perfeitamente no Verão de 2016 e provou que a popularidade do rapper vai de vento em popa.
[Virgul] “Só Eu Sei”
Depois de Da Weasel e os Nu-Soul Family, chegou a hora de Virgul vingar em nome próprio. Para isso, ele escolheu a rota do r&b contemporâneo no seu segundo single, “Só Eu Sei”, carregado de atitude tropical.
[Bispo] “Dinâmico”
O MC de Mem Martins lançou-se em cima do etéreo instrumental “Berlin” composto por Teeza. O resultado, simples mas cativante, conta a perspectiva de quem faz o trabalho por amor e passa a vida a correr.
[Diogo Piçarra] “Dialeto”
Diogo Piçarra alinha-se também ao trend tropical e partilha créditos de produção com Karetus.
Mais um elemento quente em rotação das rádios ao longo de todo o Verão.
[Kappa Jotta & Bad Tchiken] “Tentação”
Kappa Jotta aliou-se a Bad Tchiken e a “Tentação” provocou um terramoto com os seus synths que fazem lembrar “Core”, o hit supersónico de RL Grime.
[Richie Campbell] “Do You No Wrong”
“Do You No Wrong” foi a balada lenta lançada por Richie Campbell. A instrumentação com um som analógico e quente ficou a cargo de Lhast, na sua segunda entrada nesta lista.
[Zara G] “Mudei”
O integrante do Wet Bed Gang cospe com tudo o que tem em “Mudei”. O beat até pode ser do trap mais genérico possível, mas Zara G torna-o completamente dele. Para descrever em apenas uma palavra: selvagem.
[9 Miller] “Limonada”
Mais um nome que prova a força da Superbad Records. Here’s Johnny assina um beat pesado num vídeo que levou muitos a compararem 9 Miller a Holly Hood. Aparentemente, isso não foi acidente, já que foi o segundo que se encarregou da realização do vídeo de “Limonada”.
[Holly Hood] “Cobras & Ratazanas”
O rapper da linha da Azambuja fez uma aterragem a pés juntos no panorama do hip hop. Armado com um dos melhores beats de Here’s Johnny de 2016, ninguém conseguiu continuar a ignorar Holly Hood ao ouvir o flow musculado aliado ao refrão orelhudo.
[Slow J] “Vida Boa”
Directo de Setúbal, Slow J até pode ser o mais desconhecido deste grupo, no entanto, não acredito que seja por muito tempo. “Vida Boa” é uma declaração de ambição que prova que o rapaz está ensopado em talento.
https://www.youtube.com/watch?v=BsvEO-WtUWU&feature=youtu.be
[Wet Bed Gang] “Não Tens Visto”
A estrutura da música é imprevisível, os flows de Zara G e Gson são selvagens e adicionados ao beat dão um resultado totalmente viciante. “Não Tens Visto” é um egotrip incrível de 5 minutos.
[ProfJam] “Queq Queres”
Para quem não toma atenção até pode achar que ProfJam é um rapper clássico. Estão redondamente enganados: “Queq Queres”, de Mixtakes, é a prova de que Mário não tem receios nenhuns em relação a arriscar e dar asas aos lados mais sombrios da imaginação.
[Piruka ft. Mota Jr] “Ca Bu Fla Ma Nau”
Casamento do rap português e do rap crioulo, Piruka lança-se da Madorna directamente para os tops portugueses. Prova viva de que a Internet é cada vez mais dominante como canal de consumo de música que, por vezes, ilude os meios tradicionais de divulgação.
[Regula] “Tarzan”
Depois do estrondo que foi Casca Grossa, Regula esperou pelo final do ano para dar o seu grito. Sem surpresas, Lhast aparece pela terceira vez nesta lista a cargo do beat cuja atitude é segura e confiante, numa selva de competição.
[Sam The Kid & Boss AC] “Caravana”
“Caravana” foi o tema utilizado para a inauguração da TV Chelas, site fundado por Sam The Kid. Lançado com o acapella a acompanhar, a música gerou uma quantidade nunca vista de remixes por todos os produtores que quiserem exercitar a sua perícia sobre as rimas de Sam The Kid e Boss Ac.
[Mishlawi] “All Night”
A segunda e última música cantada em inglês da lista é do artista que se afiliou à Bridgetown (Richie Campbell, Dengaz): Mishlawi, nascido nos Estados Unidos e criado em Cascais, fez de “All Night”, uma música com um toque latino, uma sensação que varreu por completo o panorama nacional. Tudo o que lançou até aqui foram singles e agora já começa a ser hora de reclamar um longa-duração.
[Dillaz] “Mo Boy”
O segundo proveniente da Madorna desta lista encarregou-se da produção de Reflexo, o seu mais recente álbum. “Mo Boy” é um single em que o casamento de rimas e beat se faz da melhor maneira. Os resultados, ainda com protagonismo residual na rádio, jornais ou televisão, falam por si e a cada dia o movimento por trás de Dillaz aumenta.
[Holly Hood] “Fácil”
Se “Cobras e Ratazanas” foi a entrada a pés juntos, “Fácil” é a declaração de Holly Hood de que chegou para ficar. Here’s Johnny, pela terceira vez nesta lista, criou um estrondoso hino de término de relação onde o saxofone não poderia cair melhor. Uma música que será sempre sinónimo do hip hop em 2016.